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Mostrando postagens de abril, 2015

Quem, eu?

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Cuidar representa muito bem o amor. E cuidar requer muito trabalho e dedicação. E é essa maneira de demonstrar amor, cuidado, que fez Fernando Aguzzoli aventurar-se no vasto mundo da literatura. Quem, eu? retrata a relação entre um neto e uma avó, entre três gerações, entre uma família e uma doença. É também a expressão eternizada do amor entre indivíduos. É o cuidado retratado. Não pense o leitor que Quem, eu? é só realidade ou apenas romance. Nas páginas produzidas por Aguzzoli existem visões muito realistas, romanceadas e um quê de humor, este último, por vezes, até ameniza a realidade e faz suportar as atribulações. também não é um livro vasto. Muito pelo contrário.  Fotografias, diálogos, observações específicas sobre o Alzheimer compõem grande parte de Quem, eu? , que não diverte, não fantasia, não busca irrealidade para um leitor farto de realidades. Mas mostra-nos a vida na mais comum das situações - com uma doença atormentando os vivos. E revela-nos maneiras inusi...

Efêmero futuro

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O futuro muda toda hora e a cada pensamento que temos.  Tão abstrato e intangível que nenhuma ação deveria ser baseada em sua mera suposição, o futuro acaba sendo o limitante de experiências incríveis que poderíamos ter não fosse a necessidade de cultivar o hábito de esperar que em um tempo ainda por vir aconteça. O futuro é plano e este nem sempre sai como o desejado. E assim o mineiro levanta para mais um dia sob a terra, o metalúrgico se prepara para mais um dia escaldante e o pedreiro veste sua roupa com poeira de cimento; assim caminha o rico em uma orla e o vagabundo toma um gole de cachaça.  O esforço para uma prova de cálculo, a vontade de mudar o status social e a necessidade de selfies só revelam o quanto valorizamos o futuro próximo - ainda que o fim será a sepultura. O futuro muda, e muda muito. Em um dia um casamento é planejado, um filho recebe um nome e uma casa é escolhida. Noutro, o espermatozoide se perde e aquele filho não nasce, um pedreiro adoece...

Passo de ginga

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Tentar todos podem. Tentar nem sempre é de graça, nem sempre é fácil e invariavelmente consiste em uma quebra da zona de conforto. Tentando fazer algo encontramo-nos sós, sem opiniões úteis e com muitas opções, poucas decisões e muita terra para andar. Andar só; sempre muito bem acompanhados de nossos demônios interiores. Os anjos demoram a aparecer. Quando tentamos significa que algo não satisfaz mais e que se o novo não aparece, alguém deixa de fazer o que gosta, outro alguém morre de tédio e a infelicidade e insatisfação acaba sendo a senhora dos serviços e dos sonhos inacabados.  Daí aquele momento que tentamos mudar, e não se sabe exatamente se para melhor ou pior - só depois descobrimos, sorrimos ou choramos ou os dois, em completo estado de desequilíbrio, como compôs o poeta - é o momento mais solitário e desalentador que existe. É quando anjos e demônios se calam, Deus e o Diabo sentam para observar e os conselhos desaparecem, por medo ou falta de força. Nesse mom...

Incomodados

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Pessoas que não incomodam são incríveis! Imagine aquelas que acotovelam os outros nos ônibus, que produzem filas desnecessárias, que dificultam o acesso à informação (de qualquer tipo), que não faz o serviço (muitas vezes simples) que são de sua responsabilidade; que são pessimistas o suficiente para minar o moral de uma equipe. E não só essas, todas aquelas que gostam de gerar pequenos incômodos gratuitamente.  Pensou? Então, essas criaturas são as que tornam a burocracia ineficiente, produzem déficits e não levam o País a lugar algum e ainda se acham no direito de pedir/exigir algo dos incomodados. E não adianta dizer que "os incomodados que se mudem" - a coisa não funciona assim. Certa vez fiquei observando um indivíduo revestido do poder de incomodar. E sem muita dificuldade notei que, além de acreditar fortemente que detém a verdade, se achava o fiscal da ordem social. O resultado imediato foi a exclusão de pequenos círculos sociais até que foi completamente ne...

A louca do castelo

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Inteligente. Simples. Sagaz. Pensativo. Reflexivo. A louca do Castelo é o que se pode classificar como "meu", embora tenha sido escrito por outra pessoa. Das primeiras às últimas linhas o leitor encontrará a linguagem pura e direta como se estivesse conversando com os amigos, conhecidos; com a autora. Direta mas não vulgar, Mônica Montone é a louca do castelo que espalha pelo mundo a ousadia de ser quem é e prega a todos que também o sejam.  A leitura é rápida. As experiências e a reflexão, não. A louca do castelo é para quem está pronto a ser, a estar, a ousar. E pulando todos os passos de um encontro tímido, Montone chega com uma taça de champanhe falando tudo o que um distraído  nem pensa existir.  Uma ótima leitura. E cuidado! Existe uma louca em algum castelo por aí! Clique aqui e leia  Um quarto no escuro . Clique aqui e leia  Áspide .

Notícias traduzidas

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Os brasileiros estão em apuros quando o assunto é notícia e informação sobre o Brasil e o Mundo. A cada clique um brasileiro fica com as palavras redundantes e a visão particular sobre os fatos e nem sempre alguma opinião ou tradução é aproveitável. Portais de notícias de interior, que se preocupa em fazer propaganda de lojas ou de homicídios raramente são úteis. Já os grandes portais, alguns até com aplicativo para celular, acabam sendo meros reprodutores de notícias de agências internacionais como  a Reuters, o Financial Times e The New York Times. A cultura da reportagem traduzida incentiva a ignorância sobre as línguas estrangeiras, limitando o vocabulário e produção de cultura do brasileiro. Foto: Captura de tela da Folha de S. Paulo Nas redes sociais essas 'notícias traduzidas' geram comoção entre os internautas que só leem a chamada da notícia. Para quem gosta de tirar as próprias conclusões, esse método de informar limita o conhecimento. Traduzir pode. Mas s...

Detalhes

Todo mundo fala em sexo, ou pensa.  Na Universidade todo cara pensa em transar com alguma colega de sala (ou com a moça que passa) e toda garota não se furta em dar aquela avaliada em alguns rapazes. Nas empresas os uniformes parecem ser pensados na melhor maneira de uma trana casual e a vida torna-se uma busca interessante por sexo, quase sempre casual. O problema está nos detalhes, os mais irrelevantes, a princípio. Um desses detalhes é a roupa, e dos homens e das mulheres. Há vestidos e saias que não facilitam a vida de ninguém; calças é o artigo demoníaco no armário feminino (o contrário do masculino); e sutiãs que são artes para a moda e nada práticos para a boa e velha sacanagem do dia a dia. Para contornar isso os indivíduos precisam fazer malabarismos para estarem arrumados e praticando o sexo - muito útil quando o ato é o prelúdio de uma reunião ou festa, em público ou na iminência de alguém chegar. É o coração na mão e a mão entre as pernas e a boca perdida em algum ...

A terra da oportunidade

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Não importa se você tem dinheiro ou não, se está fazendo cursinho pré-vestibular ou no pós-doc, uma coisa não muda: o perigo do sofá. O sofá, esse inocente móvel que decora a sala e a recepção de muitos lugares pode ser, se fizerem uma pesquisa, o item mais utilizado por quem gosta de aproveitar a madrugada, o tempinho que aparece durante a tarde ou aquele filminho no começo da noite (que ninguém lembra do nome nem dos personagens ao final do filme), mas que sabe exatamente como foi parar entre alguém e o encosto do sofá. E é quase certo que, com alguém com boas más intenções por perto, não tão de repente a exploração dos limites alheios faz-se necessária. E depois que o primeiro botão se abre... É válido, no entanto, avisar aos sofazeiros de primeira viagem que há posições, métodos e técnicas para não ser descoberto ou para o caso de uma entrada abrupta de alguém no recinto... e isso ou é ensinado ou se aprende na tentativa e erro.  O sofá é perigoso e é também a te...

Compromisso comprometido

As linhas de transporte urbano em Aracaju andam de mal a pior e até aí não nenhuma novidade – nem mesmo com os protestos de 2013 o sistema melhorou e as tarifas cobradas seguiram o rumo do crescimento desenfreado sob qualquer justificativa. Os automóveis empregados continuam péssimos, principalmente aqueles que são destinados ao bairros mais pobres. O Rita Cacete/Rodoviária Nova, Pedreira/Zona Oeste, São Cristóvão/Zona Oeste são exemplos de veículos em péssimas condições de funcionamento. E não bastasse janelas com vidros folgados, bancos sujos e quebrados, portas que não fecham direito e um motor ensurdecedor, o serviço também não fica por baixo. E nem sempre o cobrador e o motorista são os responsáveis. No domingo, qualquer dia de domingo, o usuário poderá ficar sem o serviço ou deixar de fazer algo importante apenas por que o fluxo de ônibus chega a ser menos que o mínimo necessário para um serviço eficiente e de qualidade. Hoje mesmo, no início da manhã, diversos usuários tiv...

Meus vizinhos nus

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Foto: cen do filme Batman: o cavaleiro das trevas ressurge Essa madrugada, como outras passadas, estava de frente para a janela que sempre me desvenda homens e mulheres nus, no outro prédio, cujas janelas da sala e dos quartos dão para a minha; dessa vez, graças a Deus, como em tantas outras, não foi pênis, bundas e peitos que vi. Dessa vez, como em tantas madrugadas passadas em que o sono me trai e incentiva-me a ficar acordado planejando dominar o mundo e certas mentes, planejando em não planejar para nada dar errado e o que acontecer ser sempre o certo, o que vi foram nuvens que se precipitavam, ameaçavam  desabar sobre o prédio velho e que, mesmo podendo, não o faziam. Vi os sonhos enferrujando do outro lado da rua enquanto no andar de baixo, entre lençóis, outros tantos deixavam de sonhar pela falta de coragem em mudar de vida e de rumo. Esse mal, essa vontade de continuar a ser o mesmo todos os dias até o último, destrói tudo o que passa por perto. talvez seja por i...

Mundo - Antologia Poética

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  Somos inconstantes, mutantes em vidas que vagueiam entre acalantos e desavenças. Pedimos portas abertas, fechamos janelas e encontramos no alheio o que geralmente nossa inconstância permite: o inesperado. Em outros olhos, bocas e corpos descobrimos o poder da palavra escrita, dita várias vezes, creditada sempre ao ineditismo de um mundo onde só existem as fantasias, nem sempre boas, nem sempre más, de um estado de espírito único, quase sempre acompanhado de um sentimento. Esse mundo pode, às vezes, condensar os vapores da agonia, da alegria, do amor e da espera em palavras versadas, detentoras de inúmeras traduções possíveis. Um mundo que agrega sentimentos, nem sempre controversos, e que se particiona para que cada um possua seus mundos particulares. Um mundo colérico que abriga a raiva de um amor machucado. Um mundo açucarado que transforma em flores a poeira do banalismo do cotidiano. Um mundo justo com as prostitutas. Um mundo cego aos apelos do futuro, todo em...

A felicidade no pote

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Foto: sorvetesnectar.com A felicidade pode ser comprada, degustada, comida com vontade, sempre e quando o dinheiro e a vontade quiserem. Ela está guardada em potes brancos de um quilo (ou dois litros) dentro de refrigeradores de supermercados, mercearias e lanchonetes. Essa felicidade, não tão efêmera como o beijo de uma boca vermelha ou como o prazer rápido de uma transa apressada, é a expressão da solidão humana quando está de bem com a vida, feliz consigo e extremamente satisfeita. O sorvete, ah o sorvete!, também é usado quando alguém, geralmente as mulheres, estão de mal com a vida por um desagrado amoroso. Isso dá má fama ao manjar gelado. E a culpa, se não é de Hollywood, é das diversas mulheres carentes de todo o mundo que copia os trejeitos de uma comédia romântica. O sorvete é o primeiro e último item de qualquer lista feliz. Ele esfria o corpo; aquece os desejos; acalma as revoltas; produz gorduras; aproxima pessoas; torna o calor agradável e traz sabor à luz m...

Convescote na praia da Sereia

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Contos, casos, causos, acasos é o que torna a realidade mais leve e divertida ao passo que realizam a proeza de inserir poesia e leveza na vida, nem sempre tão fácil e tranquila. E livros que retratam a realidade como ela é – ora poesia, ora diversão, ora pura e simples verdade – são cada vez mais raros. Mas existem! O segundo livro que li de Carlito Lima, Convescote na praia da Sereia , não deixa por menos as cores das águas, a brisa das lagoas e a história das cidades alagoanas. Retrata a vida como ela é – cheia de altos e baixos, na fronteira do País ou na eterna cidade do Recife, nos anos da ditadura ou na recente democracia – sem perder a graça das conversas contadas ao pé do ouvido de uma morena ou às gargalhadas com os amigos. Convescote na praia da Sereia e mais 42 histórias do Capita Carlito Lima irá levar o leitor à Alagoas, ao Recife, ao que realmente acontece quando paramos por cinco minutos para respirar e vemos, sem querer, a menina com calcinha de estampa d...

A viadagem recomeça - versão 2015

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Acontece o seguinte, pelo menos duas vezes ao ano, na Universidade Federal de Sergipe (e em muitas instituições de ensino superior também): no início do ano, os Técnicos Administrativos tentam fazer greve e os Professores, para não ficarem por baixo, seguem o mesmo rumo. É uma história pedindo autonomia daqui, aumento de salário dali, melhoria nas condições de trabalho acolá e nessa conversinha o segundo semestre chega e começa tudo de novo. Às vezes eles conseguem fazer greve, sem nenhum resultado como foi a greve durante a Copa do Mundo – que só foi uma desculpa para assistirem os jogos em casa, o nos estádios. Ou seja, só vadiação. No fim das contas ninguém trabalha, alunos saem prejudicados e os serviços oferecidos ficam ainda mais precários. A verdade é que, no Campus de São Cristóvão da UFS, uma parcela significativa dos técnicos administrativos não fazem o mínimo necessário para o bom funcionamento dos serviços prestados – e isso se estende da Reitoria à portaria. Na Pró-Rei...

185º Conferência Geral

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Foto: 185º Conferência Geral O sábado de aleluia coincidiu com a Conferência Geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com transmissão ao vivo para todo o mundo através do rádio, televisão, internet e via satélite. A Conferência é a oportunidade de membros e não membros d'A Igreja têm de ouvir as palavas dos Apóstolos e Profeta vivos nesta dispensação. Através dela a humanidade recebe orientação, apoio e conselhos por meio de discursos das autoridades gerais da Igreja.  Neste sábado de aleluia , quando a comunidade cristã de todo o mundo relembra os passos de Jesus antes da ressurreição, ouvir os conselhos e orientações dos profetas vivos é uma oportunidade única e um assombro  - quando se percebe que Jesus foi morto e ressuscitou para o bem da humanidade; e tal qual suas palavras ecoam através dos milênios, suas palavras se renovam por meio dos profetas vivos. A transmissão da 185º Conferência Geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ú...

Nada de carnificina santa

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Imagem: Jesus visita o continente americano Não é preciso pressa, só sonhos e fé. Se olhássemos direito para todos os eventos que condensam em uma vulgar ‘Paixão de Cristo’ notaríamos as datas misturadas, choro onde não deveria existir e uma tremenda falta de alegria. Só drama. E nem tudo é drama nessa história. Uma história de superação e amor ao respeito ao livre arbítrio, a Deus, ao homem, à criação. Porém ninguém quer saber do real sentido dos atos, nem onde foi e o que significou o Jardim do Getsemani. Tudo o queremos e gostamos é de ver um deus sendo ferido e sangrando para provar a nós mesmos e ao nosso ego que nossos erros são justificados, pois, se um deus sangra e morre, nossos erros são justificados e aceitáveis. Balela de fracassados. E enquanto a encenação da traição, do julgamento, da humilhação e assassinato de Jesus é replicada em várias cidades e países, ele renasce sempre quando alguém lembra que o mais importante não foi uma cruz erguida com um corpo en...