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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Lua Nova

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Lua Nova , o segundo volume da Saga Crespúculo, segue com o enredo tedioso e melodramático, acrescido da presunção de Bella em relação aos homens principais da história. O sumiço de Edward - pelo bem da frágil e amada Bella -, o crescimento desenfreado de Jacob e sua transformação em Lobisomem e a protagonista vivendo um momento de "recuperação emocional" são as linhas desse segundo volume. O que se pode perceber em Lua Nova é a habilidade feminina, que pode ser generalizada para o outro gênero, em usar outra pessoa para curar um amor ferido, o orgulho em carne viva e um desespero exagerado - geralmente características típicas do primeiro amor. Bella é a representação literária contemporânea do fracasso e do exagero que o homem desenvolve ao submeter-se ao bel-prazer de outrem. Continuando com o enredo cansativo, sem sucesso prático, Stephenie Meyer tenta colocar um pouco de aventura e adrenalina em um livro que sequer chega a ser água com açúcar. O que não deu certo...

Poema final

Grafias antigas Cantigas de ninar e amolar Reviro o baú Imagens sem sons Amores sem dons Desatinos Sou homem Lobisomem Mal-humor Risos e caretas Sou um coração quebrado Um afinado sem piano Desatinado Sou cacos de vidro Perfumes vívidos Batom Tom E no passar do tempo Mesmo com todo atinado É sem rumo Sem lenço E com desamor Que a dor abre alas A paixão deixa a sala E a vida encurta A carga esvai-se E eu resisto.

Sobre a solidão vivida

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olho-Rafael Rodrigo Marajá A solidão é um anjo que nos arrasta para um mundo sem definição. Tem cheiro de terra. Tem corpo de quimera. Tem o tempo como aliado e uma linha do tempo com milímetros tensos. Ver o mundo é abraçar a solidão.  Estar no mundo é conversar com a solidão. Sair do mundo é abandonar os anos de solidão. Os olhos, geralmente, falam muito, com ou sem brilho, sobre as tantas solidões que nos cercam e nos impressionam. E são os olhos que tiram o mar do sertao, a luz do negrume da noite,  o amor da desilusão e faz do tempo escravo. Os olhos solidificam a solidão até que outra solidão apareça para deixar livre o caminho para o desconhecido futuro do depois de amanhã.

Nuvens de cianureto

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Vista do céu. Palmeira dos Índios-AL As nuvens são engraçadas - tornam o dia nublado, descrevem animais e anomalias no profundo céu, somem sem deixar pistas e aparecem ninguém sabe de onde. Alguns gostam de acreditar que são de algodão, outros nem observam suas formas e perguntas. E elas estão sempre lá, no azul ou no chumbo, existindo. Embaixo, na terra, à luz solar, casais caminham em discussões infindáveis, sem saber em que ponto se perderam; mães que esquecem os filhos nas lembranças - e não sabem como voltar para buscá-los; olhos tristes que vagueiam à procura de pelos negros que sumiram, de rostos suados e felizes que se foram, de estados alegres destruídos pela ditadura do egoísmo. Embaixo das nuvens o "deixar de existir" é regra para quem não suporta a alegria de estar bem. E embaixo, sempre e cada vez mais, nunca termina. Queria poder dizer, como faz a Igreja (Padres, Pastores e Idólatras), que tudo vai bem em meio à pobreza de espírito e de material;...

Crepúsculo

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A literatura infanto-juvenil tem uma tendência natural ou ao fatalismo do amor, o primeiro amor e suas "complicações", ou à aventura. De uma forma direta, a segunda opção é a mais aceitável e quase sempre a melhor escrita. No rol dos sucessos inexplicáveis, dada a baixa qualidade narrativa, temos o primeiro volume da saga de Stephenie Meyer, Crepúsculo . Vampiros que brilham, dotados de "boas intenções" e "bom coração", humanos subestimados e uma garota que permeia a tênue diferença entre ser retardada ou ignorante são os ingredientes principais de um livro cuja única finalidade parece ser destruir a literatura e as fantasmagóricas imagens criadas por Bram Stoker .  À parte a maquiagem, o enredo é simplório e defeituoso, cheio de lacunas sequer explicadas pela autora - e que nem lendo nas entrelinhas é possível desvendar. O romance, deprimente, arrastado, dramático e urgente entre Bella e Edward não tem nada demais, aliás, tem de menos se você conh...

Penedos

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Maceió é a representação física de como o homem é capaz de destruir a qualidade de vida, a história e a tradição de um lugar e de um povo sob a fachada do “regionalismo”. Quem conhece a Capital, sabe o que digo. Por outro lado, os casarões e as pedras das cidades históricas como Penedo e Marechal Deodoro possuem um quê de descaso com a história e o povo locais, por parte da Governança, que pouco incentiva a população a viver a história com olhos para o futuro. Em linhas curtas, Penedos ressalta em alto relevo as diferenças entre a antiga e nova Maceió, entre a modernidade e o classicismo de Penedo e as características próprias das terras alagoanas. O enredo da obra, no entanto, revela ao leitor o que é tão normal aos alagoanos – pais ausentes, geralmente de forma deliberada, em conflitos que deveriam ser familiares e uma “culpa” que não impede a perpetuação da mentira e do abandono. Vera Romariz, em seu Penedos , retrata muito bem esse dogma nunca abandonado pela cultura, diga-se,...

"a Bíblia disse..." no ônibus

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Reprodução: Feira de Água dos Meninos. 1965. Di Cavalcanti. Meia hora recebendo os raios solares e meu rosto já estava ficando duro e queimado, excessivamente anormal, no ponto de ônibus em frente ao RioMar. Não o bastante, ainda tinha uma mulher resmungando sobre alguém gastar todo o dinheiro dela. Frente ao inferno iminente, o primeiro ônibus que passou foi a luz no fim do túnel! Até que, muitos minutos depois, indo para a UFS, começa um cara a pedir a atenção de todos. Pensei logo "o cara da Manassés". Não era e pelo menos o meu troco ele não queria. Seu desejo era mostrar todo o poder de Jesus e como todos os males poderiam sumir quando se procura a "pessoa certa". Daí pensei "Jesus bem que podia fazer esse cara se calar, fazer o ônibus ser mais confortável e aplacar um pouquinho o calor". E enquanto eu devaneava, o rapaz seguia seu discurso com "a Bíblia disse à mulher...", "a Bíblia disse...." e eu corrigindo mentalmente...

Imagina que louco

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Foto reprodução: Aldeia de Pescadores - Di Cavalcanti "Me fale das andanças ex amor Dos melhores momentos que passou Me fale que eu vou te falar dos meus(...)" Veja que achado você acordar e, seguindo o vício, acessar as redes sociais e deparar-se com A vida quis assim , de Oswaldo Montenegro, logo de cara! Sempre fico imaginando a carga de emoções que essa letra traz. Interpretada, ela fica ainda mais emotiva e surpreendentemente atual. Algumas poesias são tão universais que têm o poder de transformar as pessoas, destruí-las ou reconstruí-las, de modo que tudo que está à sua volta passa a ter um significado diferente e revelador. Imagine os ex amores sentados em uma mesa de bar e contando os casos, os percalços, as vitórias, as derrotas, entre uma dose e outra, entre um ovo colorido e um salgado qualquer. Imagine uma taça de vinho segurando as risadas e as lágrimas de dias passados, separados, em um presente que ninguém jamais pensaria que pudesse existir. ...

Danação #3

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Jasmineiro - IFAL-Palmeira dos Índios Tristeza tem nome não, Dona Tristeza tem só endereço                         [muito incerto] Ah, sim! Tem razão! Meu peito tem número                         [alvo fácil] Mas quer saber, Dona? Quero nem você nem ela E com a guela ardendo e seca Ainda hei de gritar "Vá pra puta que pariu!"

Danação #2

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Praia de coconstróiracaju-SE Forma de amar Não presto para escrever poesia Nem para discursar o trato com outras mentes irrita-me desde a  concepção das frases Não me deram as fórmulas certas para viver tampouco fizeram o primeiro exemplo para que pudesse ser copiado Jogaram o nada dentro de uma massa  Fizeram-na fermentar no amor e no ódio E a crueldade deixou seu toque no rastro a ser seguido Ninguém vê nada acontecendo Mas algo já aconteceu na repetição dos dias Um dia a massa saiu e viveu Sofreu Quase desistiu Exemplificou Reclamou Gritou sileciosamente nos ouvidos alheios Parou A repetição, disparando contra todos, A todos atingiu A nenhum feriu A vida prosseguiu As rosas murcharam, morreram Então, na beleza de um sorriso espontâneo fez surgir Dos montes e do frio A razão de saber e de fazer acontecer De amar e apaixonar-se sempre Não bastando o sorriso Surgiu mais particulares sinais De ...

Um sorriso ou dois

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A mulher e suas curvas, de corpo e de mente, tem despertado o interesse de alguns autores, desde sempre e nas mais diferentes idades. Despertar na mulher um sorriso sincero e carregado de sentimento nem sempre é tão fácil, pois mulher não é um ser complicado é só difícil de agradar. Frederico Elboni, em Um Sorriso ou Dois: para mulheres que querem mais , trata de colocá-la entre a parede e um corpo, entre o chão e um corpo, entre uma decisão e um desprendimento, entre um caso e um acaso. Relatando as mais diferentes situações do cotidiano, do achado ou da perda de um amor – ou de um caso passageiro -, através do conto ou da crônica, Frederico pode cansar o leitor com as mesmas ideias, por vezes demasiadas repetitivas, que permeiam algumas cabeças, não só femininas. A impressão que se pode ter, ao folhear, ler e reparar na escrita de Um Sorriso ou Dois: para mulheres que querem mais é que está lendo um blogue impresso, nem sempre interessante, onde nem tudo é verdade, tampouco ...

As cordinhas da coincidência

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IFAL - Palmeira dos Índios A verdade é que estamos nas mãos das coincidências diárias e oxalá nunca saíamos dessas mãos! Às vezes saímos de casa para ir ao Shopping e morremos - de amor, de ódio ou só de morte mesmo. Outras vezes deixamos que a memória esqueça de lembrar das coincidências que nos movem e acabamos nos surpreendendo ainda mais com os fatos. Vez em quando, deixamos de ser gratos pelas coincidências surpresas e passamos a odiar o inesperado. O importante, no entanto, é que, independentemente do que aconteça , de quem conheçamos e de como estejamos quando as mãos-que-nos-movem  nos alcançar, sempre seremos as marionetes que vivem e respiram em um palco que costumeiramente muda de acordo o bel-querer dessas mãos. Para suportar as mudanças uns bebem, outros se revoltam, alguns tantos se matam e existem aqueles que se fecham em conchas para escapar do inescapável, o ritmo natural da vida. Sob essas cordinhas, conhecemos pessoas, aprendemos a ler, escreve...

Danação #1

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Área verde da UFS Na minha vida cabe um carro                                      uma casa                                      uns vidros                                      uns sorrisos                                      uns afetos No meu bolso cabe um Deus                                    uns Deuses                                    uns amores                     ...

Seja autêntico nesse Natal

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O Natal com suas luzes, suas propagandas bonitas, suas cores devidamente ofuscantes, seus embrulhos, seus pinheiros (e réplicas de pinheiros), seus sorrisos (falsos em boa parte), suas manias de comidas enfeitadas e confeitadas é um marco no comércio, nas agências de propagandas e onde quer que o dinheiro possa entrar e sair em nome do Natal. O Natal é cansativo. É tedioso. É irritantemente iluminado. É inequivocamente intruso em muitas casas e em muitas vidas, pelo menos do jeito que se apresenta. Era para ser um evento de renascimento - e essa ideia não dá muito certo - ou de autoconhecimento (conhecimento da gula e da bebedeira). E acabamos, portanto, tendo só mais um feriado, nada de especial, no fundo. Entre as campanhas natalinas, as compras, os sorrisos de "não era esse presente que eu queria" e as bobagens de sempre, rotineiras e incompetentemente repetidas todos os anos, quero chamar a atenção apenas para o fato de que a cada Natal estamos mais ...

Pedido impossível

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Kandinsky Há pedidos que parecem ser demais até mesmo para o universo e todo o seu poder de realização e transformação. Um desses pedidos é aquele que se refere à nossa incapacidade de viver sem a aprovação dos outros, mesmo que seja de uma única pessoa. A fraqueza humana, aquela que dá origem para tantas outras, é justamente essa incapacidade de realizar obras e não precisar do "muito bom" de alguém, do "você é demais!" de outro. Temos a doença do estrelismo entranhada em nosso sangue e por mais que tentemos nunca conseguimos nos livrar de seus efeitos, diretos e colaterais, seja por que existe quem lembre seja pela carência de atenção que consome cada minuto de nossa vida. Somos assim - fracos. Somos carentes. Somos estressantes em nossas incapacidades. Somos doentes de atenção. Somos horríveis. Somos humanos. Isso não quer dizer que não consigamos viver sem a aprovação alheia, só que sem ela muitas obras incríveis deixariam de ser realizadas...

A conta de fim de ano

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Árvores de natal, luzes, panetones, vermelho, verde e branco, neve artificial, imagens do nascimento de Cristo e todo o blá blá blá de recomeço e nada que vá realmente fazer parte do balanço anual.  Devia entrar na conta, a que realmente importa, os amores perdidos, as paixões abortadas, as maneiras que ficamos a ver navios, os risos de loucura e os livros lidos - e todas as suas impressionantes histórias. Uma conta que nem sempre está com saldo positivo, porém sempre aberta para novas recontagens. O fim de ano devia ter a nossa marca pessoal - nossas mordidas mal dadas em sobremesas alheias, beijos pendentes em bocas que são muita "areia para o nosso caminhãozinho", os momentos de raiva e a tranquilidade de ter passado pelos bocados de todo dia e que, apesar dos cretinos do cotidiano, ainda estarmos de pé, debochando do mundo. É muita luz colorida para pouca gente sempre que se aproxima o tal do natal e os fogos da virada. É pouca comida para muito olho e, me...

O amor nos tempos do cólera

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O amor é cantado, proseado e versado nas mais diferentes línguas, expressando as mesmas emoções e aflições, sem nunca deixar de ser piegas e eterno. Eterno? Quantas pessoas conservam o amor apesar das mais esdrúxulas situações? Com quantos amores as vidas são feitas? Com quantas brigas e desentendimentos o amor acaba? O amor, em tempos de mundos virtuais, às vezes dura nada mais que uma centena de likes e uma dezena de álbuns perfeitamente elaborados para impressionar os outros, quase nunca a si e à pessoa amada. Muitas pessoas precisam que o “amor” seja reconhecido. Esse sentimento, no entanto, pode surgir nas urgências juvenis, suportar as distâncias, quebrar as barreiras sociais e físicas, ferir o tempo e chegar ao seu apogeu, ainda que em corpos velhos e encarquilhados pelas experiências, mais de cinquenta anos depois de sua origem. O Amor nos tempos do Cólera , de Gabriel García Márquez, é um relato de um sentimento amoroso que sobreviveu às intempéries, calou-se na publ...

Alma tarada #3

Abraça-me forte Aperta minha alma Estrangula a calma Deixa-me caído Abusado Usado E quando se for Não me deixe só o pó Apenas nunca me deixe.

Alma tarada #2

Sua vermelha boca                  Revira-me                     Contorce-me                  Invade-me                             [E numa conquista violenta]                                  Consome-me Não quero sua boca apenas Não quero só o seu olhar lascivo O que eu quero ainda não tem nome E sem nome, vou devorando sua alma.

Deus na internet? Eu sou ateu

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Existe uma imbecilidade disseminada por aí que diz que se você se recusar a participar de grupos nas redes sociais e em aplicativos, como o WhatsApp, destinados à adoração burra à divindade que nos criou - Deus - terá um castigo imediato, o desagrado dos "amigos" e cristãos. Se for por essa linha de raciocínio, eu não tenho o perfil OFICIAL de Deus no twitter, facebook, VK, Tumbrl e nem o seu número pessoal para adicioná-lo  ao meu WhatsApp e, portanto, quaisquer bobagens dessas que são veementemente propagadas por aí considero uma perda de tempo, energia e transferência de dados. Não serei salvo no tão esperado Juízo Final por ter compartilhado uma imagem de um homem segurando uma criancinha sobre uma legenda pouco inteligente; nem estarei condenado ao mármore do inferno por não estar atrelado a um grupo de semianalfabetos que acreditam realmente que um grupo denominado Eu amo DEUS seja o portal para bendizer seja lá quem for, principalmente se o interessado sequer...

Alma tarada #1

Escuta aqui,   Sou puto     Sou vendido        Sou pervertido          Sou dado            Sou tarado Então me deixa dizer,                       Com o sangue na boca                       Com o tempo na roupa Que o tempo me tornou um deus e não preciso mais de você.

Holofote literário

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O resultado do Prêmio LiteraCidade 2014 foi uma antologia que reuniu os participantes, de vencedores à menções especiais em volumes divididos por gêneros. Desastre foi minha menção no certame, publicado. Particularmente não acho grande coisa ganhar um concurso ou ser publicado em antologias. Não que não tenha valor, só que o valor que as pessoas dão é exagerado e desnecessário. Uma, ou mais, antologia não é uma coroação, não é uma glorificação nem o holofote que tentam fazer parecer. Para mim, e talvez só para mim, uma publicação como essa é a concretização física de um trabalho proposto por alguém e que não deve ser tido como uma das maravilhas do mundo, e sim com a normalidade de um trabalho qualquer, valorizado. A página 39 da antologia do citado prêmio não contém o poema que mudou a vida do autor ou do leitor, nem possui a verdade infinita do universo - contém só um poema agraciado com uma menção. E isso não é nada demais. Diria aos autores, de livros, poemas e ...