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Mostrando postagens de março, 2013

Ida

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Quente e sempre mais quente na mesorregião de Alagoas. E quanto mais quente melhor? Ou quanto mais sol melhor para morrer de calor, molhado no suor de não conseguir fazer nada? E em meio ao calor habitual e sempre crescente de Palmeira dos Índios, o IFAL continua com suas manias, mas melhor que antes. Na prática, nada ou pouquíssima coisa mudou na instituição. Os alunos continuam estudando e enfrentando os bons e velhos dilemas: aprovado ou reprovado? A diferença é que agora o câmpus está mais leve, mais saudável, mais sociável. E tudo isso foi alcançado com a maior naturalidade possível, com o poder da continuidade. Assim, sem muitos auês, cada coisa voltou para o seu lugar de origem, antes do mal, antes do bem. Entretanto, há quem diga que ficará com saudade da Princesa do Sertão alagoano. Sejamos sinceros, a nobre Princesa – Palmeira dos Índios - não adotou todo mundo que diz ser ela a sua “segunda casa”. Na verdade, a Princesa apenas adotou aqueles que realmente mere...

As caixas que nos guardam

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Quantas caixas você tem em casa que guarda lembranças de eventos passados e que, sem explicação aceitável, não se desfaz de tudo com um único golpe? De quantas formas você precisa para relembrar de algo que aconteceu em um passado-não-tão-distante, ou muito distante, mas que só mesmo as recordações registradas sobraram de bom? Temos o hábito, bom, de guardar aquilo que fez bem e apagar o que fez mal, sem esquecer completamente das pancadas que levou. E isso tem um poder sem precedentes: é o poder do registro. E não importa se é uma pedra, uma folha de caderno rasurada, um bloco de anotações cheio de possíveis mentiras, ou verdades insólitas. É sempre um prazer reencontrar a si em um cheiro ou outro, em uma toalha ou outra, em uma fotografia ou outra. Em uma caixa que guarda datas, amores, eventos, lugares, estados de humor, paixões e segredos, há sempre o que sentir – nem que seja a super camada de poeira sob a tampa que poderá deixa-lo doente por um mês. As lembranças ...

A fabulosa ferramenta da comunicação: IRONIA

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Aracaju -SE. Foto: Ricardo Torres O que leva uma pessoa a não entender uma ironia? De todas as maneiras de comunicação oral que o homem possui a mais eficiente, e que é também uma ferramenta indispensável, ainda é a ironia, que é o pilar do divertimento e da comunicação eficaz.  Levada nem sempre a sério, ela representa a verdade nos momentos mais impróprios. Embora muitas pessoas não consigam ser satisfatoriamente irônicas, isso não justifica não entenderem quando esse artifício é usado. Das hipóteses levantadas, duas são bem categóricas: a) a pessoa não entendeu a ironia; b) a pessoa fingiu que não entendeu a ironia. Para o primeiro caso, a situação é séria. Extremamente. Para o segundo, é bem pior por que quando não se manifesta a oposição à ironia proferida significa que o que foi expresso é tão verdade que sequer há argumentos para contestar o que foi dito. E então o problema é ainda mais sério, dependendo da situação. O poder da ironia, portanto, não está no...

Recomeço

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Fim de tarde de Palmeira dos Índios - AL. Foto: Ivan Tenório O verão foi-se embora junto com toda a poeira da sequidão de dias de intenso calor. Foi-se junto com o último sonho de uma noite quente e deixou para trás as previsões de um retorno ainda mais surpreendente. Foi-se com a sutileza de uma leve pena de ave aprisionada deixando-se ser preso por uma outra estação na caixa oculta do tempo. E assim como tudo que tem um tempo, uma parcela mínima de existência diante da imensidão que compõe esta dispensação, o verão deu adeus a mais um ano. E quantos anos já se passaram desde o último março? Quantas pessoas foram enterradas entre escombros emocionais? Quantos eventos foram cancelados pela falta de fé dos organizadores? Quantos amigos morreram e quantos foram embora, a uma distância pesada demais? Começou o outono e as folhas já preparam para cair. Algumas frutas brotarão e o calor, bem, esse continuará, talvez mais ameno em algumas regiões, nem tanto em outras. O amarelo...

A poesia da Princesa

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Poesia é uma arte que mesmo quem pensa ter, na verdade não a tem, apenas imagina. Poesia é uma expressão condensada de uma vida cheia de observações realmente praticadas no dia a dia de uma normalidade tão humana e que, mesmo olhando para o nada de uma manhã uniformizada, ou uma tarde trabalhosa, é possível vislumbrar sempre o outro da linha  – da loucura, talvez-, fazendo tudo ser linhas e palavras pequenas no tamanho, colossais nos significados. De poesia vive-se. Pergunte aos vendedores de livros. De poesia morre-se: de amor, de alegria, de saudade, de realidade e de fantasia, de verdade e de mentira. De poesia o mundo gira e o tempo para em frente a um show de música tão diversa quanto a inconstante alma feminina. Nessa parada, um corpo atrai outro com os medos tranquilos que afligem o pensamento alheio a uma aparente felicidade. De repente, junto à boca, surgem as orientações de uma dança e a compreensão do certo, tão errado às vezes. E, juntos, um aprende a dançar, ...

Mensagem

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EXU   PARA JORGE AMADO NÃO SOU PRETO, BRANCO OU VERMELHO TENHO AS CORES E FORMAS QUE QUISER. NÃO SOU DIABO NEM SANTO, SOU EXU! MANDO E DESMANDO, TRAÇO E RISCO FAÇO E DESFAÇO. ESTOU E NÃO VOU TIRO E NÃO DOU. SOU EXU. PASSO E CRUZO TRAÇO, MISTURO E ARRASTO O PÉ SOU REBOLIÇO E ALEGRIA RODO, TIRO E BOTO, JOGO E FAÇO FÉ. SOU NUVEM, VENTO E POEIRA QUANDO QUERO, HOMEM E MULHER SOU DAS PRAIAS, E DA MARÉ. OCUPO TODOS OS CANTOS. SOU MENINO, AVÔ, MALUCO ATÉ POSSO SER JOÃO, MARIA OU JOSÉ SOU O PONTO DO CRUZAMENTO. DURMO ACORDADO E RONCO FALANDO CORRO, GRITO E PULO FAÇO FILHO ASSOBIANDO SOU ARGAMASSA DE SONHO CARNE E AREIA. SOU A GENTE SEM BANDEIRA, O ESPETO, MEU BASTÃO. O ASSENTO? O VENTO!.. SOU DO MUNDO,NEM DO CAMPO NEM DA CIDADE, NÃO TENHO IDADE. RECEBO E RESPONDO PELAS PONTAS, PELOS CHIFRES DA NAÇÃO SOU EXU. SOU AGITO, VIDA, AÇÃO SOU OS CORNOS DA LUA NOVA A BARRIGA DA RUA CHEIA!... QUER MAIS? NÃO DOU, NÃO TOU MAIS AQUI. (Salvador, 17/05/1993. Mario Cravo)

A inquisição da Rosa

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Uma das piores comparações já feitas pela indústria é a que equipara a mulher a uma rosa. Além de ser brega e injusta com a planta, é excludente se entender que nem só de belezas e simpatias femininas é composto o vasto mundo terreno. Mulher não é uma rosa. Não cheira bem todas as horas do dia, não tem bom humor sempre, nem todas são boas mães, nem todas são merecedoras de um alegre e espontâneo parabéns – que, diga-se, na prática o parabéns puro, sem estar seguido de uma recordação física, não tem valor algum. Mulher é uma versão do gênero masculino, com adaptações surpreendentes e muito necessárias, mas também são cafajestes, machistas, hipócritas, indecentes, trabalhadoras e  charmosas. E talvez sejam essas características aliadas ao conceito de fragilidade – falsa – que torna o gênero ainda mais intrigante e belo. A mulher não é fraca e, portanto, não pode ser comparada a fragilidade de uma rosa indefesa – existem mulheres que sabem defender-se muito bem! No entan...

Uma revolução na gigante roda

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Açude, Praça Moreno Brandão - Palmeira dos Índios -AL Do alto podia ver todos os telhados banhados pela ausência da intensa luz solar, imersos em uma escuridão quente ao som das correntes de ar vindas do longe desconhecido – provavelmente oceânico. De lá, sempre incerto quanto à sua segurança, podia ver além da magnitude da noite, em uma viagem sem meios físicos e sempre acompanhado. De lá não se via o infinito horizontalizado. Ao lado, acompanhando o balanço do vento na cadeira inconstante como o coração das efêmeras, estava a surpresa de um telefonema sem cobrança. E com a mesma mão que ligara, estava a apertar, sempre e cada vez mais forte, a mão que atendeu o chamado, cuja conversa é continuamente um segredo de estado capitalista. Um laço de mãos diferentes apertando-se a cada subida para largar-se um pouco na descida – ora pelo medo da constatação do próprio medo, nunca admitido, ora pelo que os outros iriam achar por tão feroz força aplicada. As luzes amareladas das...

Poder de fazer

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Molhe da Atalaia Nova, na Barra dos Coqueiros - SE.  Foto: Fabiana Costa Qualquer um pode escrever um livro ou uma poesia e fazer do seu trabalho um evento público. Qualquer um é capaz de tocar um piano à beira de uma rodovia e fazer um sucesso momentâneo da mesma maneira que qualquer pode mudar os paradigmas das vidas de uns personagens do concretismo do mundo. Qualquer um é capaz de qualquer coisa. No entanto, essa possibilidade de poder fazer é exatamente a barreira que os milhares de indivíduos desse planeta encontram para não fazer nada diferente. Fazer o diferente exige ousadia, capacidade e determinação: elementos que faltam ao bom gosto, ou a falta deste, e à iniciativa espontânea. E, quando essa barreira é vencida, surgem os heróis, os ícones de um mundo acinzentado pela incapacidade de querer fazer ao não transpor a linha do comodismo. Qualquer um é capaz de fazer qualquer coisa e a indagação comum é: Por que não faz? Embora a resposta possa estar nas linhas...

Empalidecimento das cores

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Ponte Joel Silveira, Aju- SE.  Foto: Tito Garcez É tarde! Quantas vezes proferimos essa expressão? De tão pesada, essas seis letras formam o que se poderia dizer de um fim imediato, onde um novo começo iniciara em algum dado momento, na surdina. É tão definitiva que sequer supomos seu real sentido nas consequências que se pode ter ao pronunciá-las para si ou para outrem. No entanto, é facilmente perceptível detectar o momento em que essa expressão é a única articulação capaz de traduzir um colosso de pensamentos em uma fração mínima de tempo. É pesada. É definitiva. É auto-explicatica. Mas é fundamental e libertadora.   Existem diversos é tarde : É tarde para voltar; É tarde para ligar; É tarde para querer; É tarde para pedir desculpas; É tarde para tentar reparar; É tarde para se arrepender; É tarde para ganhar; É tarde para perder; É tarde para refazer; É tarde... Quando aceita-se que é tarde, respira-se melhor, dorme-se melhor, co...

O Brega

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Misturado aos glóbulos vermelho e branco, o brega é um elemento inerente ao organismo de determinados seres e que, sem sombra de dúvidas, torna a caminhada mais leve e tranquila. Ser brega, desse modo nato, é adorar uma boa música de mesa de bar e cantá-la sem motivos em qualquer situação, mesmo que o estilo seja rock, pagode ou axé. É deixar-se levar pelas emoções que uma dor íntima, mesmo que de outrem, invada sua ociosidade. É largar-se à despreocupação de uma malandragem tão pobre que até mesmo os malandros profissionais tenham raiva do alto nível do malandro brega, pois, afinal de contas, este só precisa de uma dose de cachaça e um boteco aberto . É vestir-se despudoramente fora de moda. É andar com santo de fé (católico ou umbandista, ou os dois) e falar-lhes avidamente. Afinal, só sabe quanto vale um santo, quem o tem. É ter várias mulheres e ser preso apenas a uma delas. É ser gente. Na breguice das inovações tecnológicas e dos modelos de vida seguidos tão fortemente po...

Marcificação

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O calendário deveria considerado uma das maravilhas do mundo, seja qual for o período histórico. E o único feito desse elemento simples é a marcação dos dias e dos compromissos ou descompromissos. Ele não olha para trás nem busca nomes para o passado, presente e futuro. Como parte essencial das atividades que se desenvolvem, todos os dias, o calendário é o exemplo daquilo que se pode ser superável: supera a tecnologia mais moderna, as calamidades, ao hipocondrismo da humanidade e a falta de cultura. Assim, sempre em frente, chegou o dia 60 do calendário – gregoriano. Ou, em outras palavras, o 1º de março. Se no passado, em 1692, julgaram as Bruxas de Salem, em 2013 as Bruxas que temos a julgar fazem parte de outro conceito, mais forte e destrutivo que o puramente místico. Bruxas que são personificadas na forma da violência, da intolerância e da parcialidade corruptível do homem. Carregam ora a chancela da depressiva condição da massa populacional em lamentar, todos os dias, por...