Nu
E eu vou dormir nu, como aquele personagem de Fernando Sabino - embora também gostaria de sair por aí, diferente dele, pagando de louco despido. Não vou dormir nu porque vi em alguma rede social que é "saudável" ou "esotérico" e sim porque no encarceramento voluntário das quatro paredes do meu quarto não necessito de roupas que me limitam ao conceito de outrem e nem preciso estar minimamente "apresentável". No meu quarto os meus pelos podem cair sobre a cama, no chão, embolar nas cobertas e eu posso largar-me ao delírio de um mundo sem preocupações, mesmo que sérias.
Eu não sou o que minhas roupas dizem.
Eu não sou as cores que destoam e se combinam.
Eu não sou nada além de pele, ossos, músculos e, de certo modo, flacidez.
Eu sou mole devido ao meu organismo e pedra no intelecto (embora preferisse também na ereção automática e autônoma não apenas nas manhãs).
Nu.
Vestido de pelos e despido de pudores.
Eu sou o que outrem reprova sob a luz dos holofotes da mediocridade.
Mas estou nu.
E isso é o que importa.
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