Casamento
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Quadro: Odalisque. Benjamin-Cosntant. |
Uma manhã dessas ela chegou e
disse “vou me casar”, como se estivesse dizendo que ia à padaria comprar sonhos. Desferiu-me um
casamento a queima-roupa sem dó nem piedade. Seus olhos brilhavam de
contentamento ao me fazer entrar em choque. Divertia-se ao debochar da
situação, do ridículo que provocou ao colocar mais um em uma história de
vários. Mas a alegria efêmera deu lugar à dura realidade quando o pano de fundo
caiu, o divertimento passou e o casamento restou. “O que eu faço?”, quis ela
saber em meio a lágrimas e incertezas.
“Case”.
Ela casou, vestida de branco,
arrependida, esperando até o último instante para ser salva da própria
armadilha. Ninguém a salvou. E competentemente casada, infeliz, arrastando as
pesadas correntes da imaginação de um futuro que poderia ter acontecido,
entrega-se a paixões diversas.
Dia desses, ela disse, ela fecha
as portas, abre o gás e toma um vinho. Dia desses, ela disse, ela faz mesmo.
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