A morte do Bumbum
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Foto: Truman Capote. Irving Penn. 1948 |
E lá ia o Bumbum Guloso, sob a
chuva, desviando-se das poças de lama, para a academia. Com a matrícula ainda
recente no novo point do corpo, do suor e do prazer, Bumbum Guloso ainda não
tinha se adaptado à dobradinha exercícios-cantadas. Ainda com insatisfação pelo
bumbum que não crescia, lá ia agachando. Aliás, agachamento era o que não
faltava em sua vida. Agachava no trabalho para os impúberes, agachava em casa
para o residente, agachava na academia tão logo alguém chamasse. E apesar de
tudo a insatisfação continuava ali, martelando – seu bumbum não crescia, não
importava o que fizesse. E a concorrência bundástica sempre acirrada, sempre
imperdoável.
Bumbum Guloso então foi mudando
de academia, de instrutores, de alimentação e nada acontecia.
Um dia, Bumbum Guloso, na hora
fatídica do agachamento de 90kg com o residente, resolveu, orgulhoso,
perguntar-lhe sobre o seu desempenho e o seu bumbum turbinado. Ao ouvir, mais
uma vez, uma negativa humilhante, Bumbum Guloso, com os olhos rasos d’água,
levantou-se, pegou a chave do SUV e ouvindo Clarice Falcão com uma mão no
volante e outra em um copo de Vodka, dirigiu até a praia, acelerou e jogou-se
ao mar, com carro e tudo. Às 10h do dia seguinte, o carro foi retirado pelos
bombeiros sob o olhar de curiosos e o foco de câmeras de TV.
Azul, pela sujeira da língua negra
da praia, e inchado, pelo efeito do álcool, da água e do sal, Bumbum Guloso
finalmente conseguiu ter o bumbum dos sonhos alheios. E os alheios da história,
vendo o vídeo de Bumbum Guloso morto nas redes sociais, apenas fecharam a aba
do vídeo e passaram para o próximo contratinho.
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