Pelo telefone

Obra: Fragment of a Queen's Face - reign of Akhenaten. Dinasty 18. 1353-1336 B.C.

Seminua, olhando o teto, falava ao telefone. A língua tocava nos dentes brancos sibilando uma voz macia, suave, sussurrada. Excitava-o com frases incendiárias faladas baixinho, em um sussurro provocante. Sua mão subia por suas coxas, apertando-se, quente, voluptuosa, enquanto palavras pulsantes atravessavam o espaço em micro-ondas até outro ouvido. Queimando, salivando, suas mãos apertavam os seios, excitava-se em mãos imaginárias que das dela fazia de instrumento – e percorria sua barriga, sua boca, seus olhos, suas coxas, sua pulsação escaldante e vermelha.
Nua, arquejando, desdobrando-se em partes desiguais, molhando a si e a cama, ela miava, grunhia, contorcia-se segurando em uma das mãos um telefone enquanto a outra, voraz, invadia-lhe a umidade prazerosa dos grandes lábios – indo sempre mais fundo, mais ardente. Súbito, o miado cessa, as coxas caem inertes e os olhos abrem-se preguiçosamente. Respirando devagar ela diz apenas – tchau!

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