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Mostrando postagens de dezembro, 2015

Aconteceu no Centro Espírita - A peça.

As festividades natalinas em Palmeira dos Índios já começaram e quem não tem limitações preconceituosas podem desfrutá-las com muita tranquilidade e reflexão. Ontem, no Grupo de Fraternidade Espírita Irmão Cícero, a sociedade foi agraciada com uma peça teatral na qual o trabalho e os princípios do Espiritismo foram apresentados, sob a ótica da dualidade que rege as ações humanas - o bem e o mal. Baseada no romance Aconteceu no Centro Espírita, a peça homônima levou ao público presente a noção lúdica sobre o trabalho em uma casa espírita e em como ações espirituais podem ajudar ou prejudicar a harmonia dentro e fora de uma Fraternidade.  Tão certo quanto a luz do sol, quem tem disposição para compreender mais o universo ao redor, além de uma existência mais interessante, tem a possibilidade de crescer intelectualmente. Como início das comemorações natalinas, a Fraternidade Irmão Cícero deu um presente antecipado e ninguém pode dizer que Palmeira dos Índios não tem opções par...

A Gatinha do 101

Se você achar de entrar no bloco A do cortiço não vai se espantar com a infraestrutura deficiente do prédio, a menos que você venha dos condomínios do Jardins, da 13 de julho ou, no mínimo, do outro lado da rua. E aí então irá se horrorizar com o descarte do lixo, com os portões feios, com a falta de segurança, com as roupas penduradas nas janelas para secar, com a bêbada do outro prédio e suas músicas e com as estranhezas gerais do lugar. Subindo o primeiro lance de escadas e virando para o próximo corredor verá uma porta cor caramelo, um tanto moderno (visto o restante das portas) e um tapete capacho felpudo logo abaixo. E se tiver sorte vai encontrar a Gatinha do 101 , com olhos gigantes e amarelados, fofinha, olhando quem sobe e quem desce, sempre impassível. Quando começaram a deixa-la solta algumas minutos por dia ela acabou ficando com medo das pessoas e corria vez ou outra. Com o tempo ela passou  a não se importar com as pessoas e ficou cada vez mais no meio do camin...

A vulgar de São Cristóvão

Achei de pegar o São Cristóvão/Zona Oeste, no começo da noite. Uma ideia terrível já em dias e condições normais e pior ainda quando a UFS começar a dar os últimos arquejos de um período longo o suficiente para fazer qualquer um mudar de ideia sobre o profissionalismo de alguns docentes e a qualidade da educação pública. E lá fui eu, hora-instante de pegar um tétano na lataria enferrujada ou, pior, uma DST, dada uma proximidade exagerada com os outros tripulantes, com apenas o corpo sacolejando (a alma ficou na plataforma do terminal, recusando-se terminantemente a embarcar em tal empreitada). E como sempre há o brinde em cada passagem, o da vez era uma manada de gordas, comandada por uma velha gorda vulgar. Nunca na história do transporte coletivo da região metropolitana de Aracaju houve uma mulher mais grosseira, vulgar e desagradável como usuária. E já que estava lá, imprensado entre uma mulher com dois meninos feios pequenos no colo e uma barreira de corpos sujos, suados e depr...

Hipocrisia povão

O povo sai às ruas pedindo o impedimento da Presidente Dilma Rousseff. Brada contra a corrupção. Um exemplo de brasileiros. Mas quando os estudantes em São Paulo ocupam escolas contra os atos prejudiciais do governo estadual daquele Estado nenhum desses dignos cidadãos apoiam o ato. Muito pelo contrário, chamam de baderna. Quando as centrais sindicais mobilizam-se pela garantia dos direitos trabalhistas, independente de quem está no Palácio do Planalto, nenhum desses exemplares cidadãos sai às ruas. Quando as passagens do transporte coletivo aumentam vertiginosamente, todos os anos, sem que o serviço melhore nenhum desses bons cidadãos sai às ruas com indignação. Quando a Controladoria Geral da União inicia campanhas contra a corrupção – todos se calam. E se o Governo Federal fosse adepto do poder pela força as Forças Armadas estariam nas ruas, pedindo carinhosamente que esses cidadãos, que passaram a pedir, inclusive, a volta dos militares, fossem para casa teríamos um exe...

Ratinho do poder

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Foto: crédito na imagem Noite dessas Jade ia chegando no cortiço Eucaliptos, cambaleando pelo estacionamento, quando, ao longe, viu um gato estranho andando para lá e para cá entre os carros. Chegando mais perto Jade viu que o seu gato na verdade era um gabiru que rondava o estacionamento e as vielas do cortiço em busca de comida. Manter um corpinho gigante daqueles dá muito trabalho e precisa de muito lixo orgânico para suprir as necessidades. A sorte é que Jade não tem medo de ratinhos geneticamente incentivados – mas é sempre bom dar espaço para esses bichos e Jade foi embora, deixando-o em paz. Não é de estranhar que, além das baratas cascudas que entram pelas janelas dos prédios velhos e decadentes, ratos se criem por entre as lixeiras impróprias de cada conjunto de blocos. Esses depósitos, que dão muito trabalho para o pessoal da manutenção, é o exemplo eficaz de lixão adaptado para condomínios. Daqui a pouco as baratas vão entrar pela janela aberta, comer a pele morta ...

O mistério dos despachos

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Charge: Blog do Xandro Estava eu lá, caminhando pela Gentil Tavares, sob o sol das 10h, distraído, quando risos arrebataram-me ao mundo real. Na rua de pouco movimento, já perto do entroncamento com a Av. Desembargador Maynard, três homens riam extasiadamente brincando com os restos de um despacho, largado sob uma árvore do canteiro central entre as duas vias da avenida. Eles mexiam e remexiam no despacho e a cada vez que bulinavam na oferta caiam em gargalhadas estridentes, como crianças em um parque de diversões. Os homens, que pareciam morar na rua, embora tivesse tido muitas dúvidas sobre isso, viam coisas engraçadíssimas no despacho – e quase me fizeram ir lá olhar também. A cena, que poderia ser muito comum, era incomum por estar ambientada em um ambiente tão urbano e em uma hora tão estranha. Quem colocou o despacho lá, na surdina, enquanto toda a Aracaju dormia, não poderia imaginar que debochados iriam se divertir à beça às 10h de um dia que chegou fácil aos 30ºC...

Um senil no Exército

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Charge: crédito na imagem Devo concordar com os historiadores quando eles dizem que o regime militar é muito recente para que tenhamos uma visão confiável e consolidada sobre os vários aspectos da sociedade brasileira à época e como o regime influenciou as décadas posteriores. E ainda que não tenha vivido tão nebulosa época, seus reflexos são sentidos por mim, indiretamente, como uma das gerações subsequentes – que herdaram os males e os benefícios (se houve) da ditadura. Quase não penso nos militares e quando me vejo refletindo sobre o período militar é, geralmente, como consequência de fatores externos. Esses dias estava sentado à mesa de um dos 1º Sargentos da 6ª Região Militar, à espera de atendimento, quando uma cena muito inusitada ocorreu bem na minha frente. Um homem, passado e muito da idade de andar sozinho na rua, ocupou  o 1º Sargento, que atendia o público e que logo me atenderia, com nomes e datas errados, para um fim que nem Deus saberia dizer, por longos tri...

Só o Aedes saberá

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O desastre da moda é a microcefalia nos recém-nascidos nordestinos e, graças a Deus, essa praga não chegou ao Sul e Sudeste (e o medo que isso se espalhe faz com que a mídia sulista fique excitadíssima). O Aedes Aegypti é boi de piranha de uma sociedade relapsa que já estava acostumada com os breves acessos de dengue durante o verão, em todo o país.  O que a alvoroçada mídia não cita, e assim que aparecer uma tragédia suculenta logo irá esquecer, é que um dos problemas a longo prazo é o que fazer com as crianças microcefálicas que já nasceram e que apresentarão retardos no aprendizado e na vivência social visto que, embora sejamos "sem preconceitos", ninguém aguenta, por muito tempo, a não ser por obrigação, suportar crianças e adultos mentalmente problemáticos. O que será feito para compensar um cérebro menor? A APAE ou a AACD vão incorporar essas crianças? Sim, porque as escolas não estão, e demorará muito ainda, preparadas para receber e promover o desenvolvimento in...

Bucho de praia

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Domingo é dia de ir à praia, ver as bundas gordas e cheias de celulite e estrias  (e vez ou outra uma bem desenhada), comer frituras (demoradamente preparadas) e beber cerveja enquanto moças (e alguns rapazes) untam o corpo com óleo para "aquele bronze". Corpos negros que se esticam sobre a areia, coros pardos que jamais pegarão cor e corpos brancos, vindos de longe, que ficarão vermelhos antes do pôr do sol coalham a praia. Aliás, uma praia grande demais para as pessoas acostumadas com outras capitais onde ruas precisam ser fechadas para o lazer de domingo. Aracaju ao menos tem um calçadão amplo, o projeto Tamar e o que vir para distração (lagoas, e tudo o mais, ainda no calçadão praiano) e sem línguas negras, pelo menos não visíveis. Mas não é muito aconselhável ir depois das dez e lá permanecer - não por causa do sol ou das recomendações médicas de uso geral -, mas porque lota. Muita gente que suja a areia, ouve m´sica ruim e exibe a feiúra de corpos depravados.  A...

Decoração natalina no cortiço

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É entrar dezembro que as loucuras de um natal nevado sem neve começa a aparecer nestas terras tropicais. Aqui no cortiço, logo depois da cadeia de jovens marginais, meus vizinhos, como a bêbada do outro prédio , começam a ornamentar as janelas numa vã tentativa de aludir ao espírito natalino )o único espírito que consegue aludir é o da estranheza). Em um apartamento alguém tentou fazer uma árvore de natal e acabou desenhando um cogumelo de luzes pisca-pisca bem em frente à minha janela (cogumelo que nunca acende). Mais embaixo o decorador resolveu que dava muito trabalho fazer algo feio e só jogou as luzes na grade da janela e assim vai surgindo a pitoresca decoração natalina do cortiço. Daqui a pouco o ratinho da Coca-Cola (que em outro país é um urso polar) vai desfilar pela Tancredo Neves, com aquela musiquinha tão natalina, chamando todo o povo para congregarem-se ao redor de uma boa garrafa de Coca gelada.  Ah o natal...

Milho limpo

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Se você a algum dos terminais de integração da capital sergipana dará de cara com vendedores de tudo - milho, cigarro, água, amendoim, carteiras, jogos, chicletes, etc - e tudo na mais perfeita paz dos agentes do Setransp (que mal fazem o trabalho corretamente). Vender bugigangas é lei nessa capital. E de tudo o que é vendido nada tem o cheiro mais enjoativo que o milho (mesmo o sorvete vendido ao lado dos banheiros do terminal DIA possui cheiro tão ruim); e o milho teve seus mistérios revelados por um usuário do transporte coletivo que filmou a origem da água que serve para o cozimento eterno do alimento - o banheiro sujíssimo do terminal DIA. Sem saber, mas arriscando por conta própria a saúde, muitas pessoas comem alimentos que são cozidos nos terminais sem se indagar sobre a origem do alimento e dos itens necessários à produção. Quando o usuário filmou o vendedor pegando água na pia do banheiro e derramando na panela, onde milhos já estavam fervendo, a população não se chocou n...

O Graciliano da boca do povo

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Dizem que Graciliano Ramos não era dado ao puxa-saquismo ou a ser bajulado e considerando suas obras e o que delas podemos inferir ele também não possuía lá muito senso de humor para a burguesia decadente que hoje lota Academias de Letras. E isso, considerando que não o conheci e que só li suas histórias e ouvi falar dele, tendo à mão o pouco deficitário da Casa Museu Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios-AL, pode induzir-me ao erro ao falar e escrever sobre o Graciliano. No entanto, não posso deixar de notar certas singularidades na terra dos marechais e que se tornam muito engraçadas à medida que o tempo vai escorrendo pelas línguas negras da orla de Maceió. É estranho que justamente a pessoa que não gostava de ser bajulado seja rotineiramente levada à fina flor da bajulação e tenha, em qualquer lugar vulgar, o nome jogado à mesa para uma discussão literária. Ninguém diz como Viventes das Alagoas retrata incisivamente os alagoanos e as veias da corrupção e do achismo do servi...

A bêbada do outro prédio

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Quadro: Square House, Amsterdam. James McNeill Whistler. 1889. Às 15h a bêbada do outro prédio liga o aparelho de som e programa-o em três músicas, da Elis Regina e da Alcione (de vez em quando aparece também o Belchior), e começa, então, o suplício dos moradores do cortiço vermelho. As mesmas músicas são repetidas indefinidamente enquanto a bêbada consegue andar ou ter consciência e isso pode durar até dois dias, considerando as noites. A bêbada não tem muita noção de tempo quando se entrega à depravação, à bebida e ao ócio. Tudo o que ela quer é ouvir as mesmas músicas, no último volume, e incomodar os vizinhos avisando-os, por meio de sinais diversos, que ela não está nem aí para as convenções sociais. Não demora muito, a partir do momento em que o som é ligado, e ela começa a ter discussões ferrenhas com o marido (se for realmente marido). Palavrões e xingamentos dos mais vulgares saem pela janela dela e entram nas dezenas de janelas vizinhas. Uma forma muito interessante...