Banditismo: uma luta social
A luta contra a criminalidade é fundamental para que a sociedade consiga obter resultados com os investimentos feitos, a longo prazo, pelo poder público. Entretanto, deve-se observar dois pontos na luta contra o que podemos chamar de bandistismo favelado:
- O poder governamental é insuficiente para garantir os direitos fundamentais dos indivíduos marginalizados pela pobreza;
- A dupla troca de favores entre o povo e os bandidos é, quase sempre, uma relação de amor e ódio inquebrantável.
A partir desses dois pressupostos podemos esperar, de forma categórica e talvez tardia, uma resposta a todos os ataques que a marginalidade vem sofre. E espara-se de todo o submundo da bandidagem, e não apenas de uma pequena parcela atingida pelas ações da polícia e da política.
As bases do tráfico de armas e drogas, da prostituição, do roubo e da subversão são colocadas sobre o conhecimento refinado e a boa malandragem. E isso não é um reflexo de ontem ou do possível amanhã, pois bandido tem vida curta. Mas de décadas de descaso com o pobre e suas necessidades; da mistura da força bruta do presidiário comum com militantes de esquerda do período de ditadura; da consciência de poder e impotência da criança pobre do morro.
Lutar contra a própria sociedade é algo impossível: bandido também tem parente no morro e no litoral, no interior e na capital, e, portanto, é parte fundamental da comunidade em que vive. Se por um lado a forçpa do Estado politicamente organizado é capaz de matar sem piedade o filho, irmão de um munícipe pobre; o pobre também é capaz de fazer o mesmo com requintes de crueldade nunca antes visto, como já se foi visto na história do Brasil.
Para ganhar essa luta é necessário mais que um simples tiro de fuzil disparado de dentro de um carro blindado: é preciso que se faça justiça com o pobre e garanta seus direitos fundamentais. Assegurando não apenas a vida, mas também a dignidade de ser integrante ativo e ouvido da sociedade elitista que ainda vivemos.
Não pense, portanto, que a presença de um grupamento policial nas favelas do Estado do Rio de Janeiro ou de qualquer outro estado vai resolver o problema: vai piorá-lo, senhores!
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!