Construto Pessoal

 Quando paramos e todas as necessidades mais básicas estão minimamente satisfeitas (ainda que por breve momento), o silêncio ocupa todos os espaços por dentro da nossa complicada mente e em todos os vértices do lugar em que nos encontramos. Amores são revisitados e passamos em revista aos nossos desejos e frustrações. Talvez por isso odiemos terrivelmente quem nos mostra nossas fragilidades e medos.

No fundo, somos o que somos. Nem mais e nem menos.

Somos um construto de tudo o que escolhemos fazer, ver, ouvir, dizer, ponderar, projetar. 

E então, resolvida a questão do que somos, nada mais resta a problematizar além daquilo o que procuramos definir como o Eu-que-me-habita.  

Dessa maneira, quando olhamos bem direitinho para o que fazemos, percebemos que buscamos demais por riqueza, concreta ou virtual, que nunca nos chega simplesmente porque não estamos dentro da casta que a detém, por natureza, nascimento ou privilégio. Procuramos fora o que não nos pertence e aprisionamo-nos por dentro com angústias tantas que jamais poderíamos supor outro modo de vida.

A partir disso temos noites sempre iguais, dias tão cansativos, rotinas tão mortificantes. 

E nada, absolutamente nada, nos resta além do rejeito de construtos pessoais falidos, ou falíveis, feitos para durar poucos segundos na imensidão de minutos que é a nossa vida - essa breve passagem pela consciência encarnada. 

 

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