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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Os cinco gatinhos

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Dia desses uma ser desalmado jogou cinco gatinhos, 4 clarinhos e um 1 negrinho, 4 fêmeas e 1 macho, em uma caixa de papelão e jogou, ao sol escaldante do meio-dia, na minha rua. Os miados reverberaram pelo ar e despertou a caridade alheia. Leite, água e um lar temporário foram conseguidos e uns dias depois já estavam gordinhos, dóceis e à espera de um lar de amor e cuidados. Mais aí, a mulher das cavernas que mora na esquina e outra bêbada pegaram um dos gatinhos e jogou muitas ruas depois com o intuito único de provocar dor e sofrimento no pobre animal, depois de ameaçar descaradamente os outros, que sequer saem de seu lar adotivo. Acostumada a matar envenenado cães e gatos da vizinhança desde sempre, a mulher possuída da esquina segue impune, por enquanto, sua cruzada infundada contra os animais, totalmente à margem da lei – sim, ela é uma marginal de marca maior, para usar adjetivos publicáveis – por um período breve, assim esperamos. Os gatinhos seguem com suas vidinhas...

Relato de um náufrago

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Um Destróier sai dos EUA com destino à Colômbia, carregado de mercadorias contrabandeadas e de marinheiros saudosos da nação de origem. O mar do caribe faz surgir os sabores e as vozes dos amigos e amados. Até que um acidente faz com que parte das mercadorias e alguns marinheiros caiam no mar. O peso do Destróier impede a manobra de resgate e apenas um consegue sobreviver, por dias, em bote. A vida no mar caribenho, sem água, sem comida, com as desesperanças lutando com a vontade de viver faz do náufrago Luís Alexandre Velasco um ícone da luta pela vida. Assombrações, fome, cedo, medo de tubarões e as esperanças de chegar ao continente permeiam as páginas de Relato de um náufrago . Gabriel García Márquez foi o jornalista que transcreveu a história verdade do naufrágio, muito depois que o governo colombiano ter deturpado os fatos e Velasco ter estrelado propagandas de relógio e sapato. Rendeu a ele o exílio e apesar do papel jornalístico, não o agradou, até o fim de sua vida, o...

Eu vou de besteirol

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Assisto o Big Brother Brasil e a Fazenda sempre que posso. Alguns dizem que são programas horríveis, depravados, sem conteúdo. Isso é verdade e com toda a razão. Mas quem disse que assisto a esses programas para ser cult? Fonto:na foto A ideia de assisti-los consiste apenas no fato de que os “besteiróis” acrescentam outros elementos ao conhecimento que, se não se igualam aos Cults, ao menos revelam a capacidade humana de produzir idiossincrasias, mentiras e hipocondrias ao mesmo tempo em que radiografa a sociedade. A “besteira” condenada nesses programas são “atentados à família” porque estão sendo vistos por milhões de telespectadores. Sem as câmeras e a empolgação do público o que temos é o povo, que anda para cima e para baixo, indo e vindo do trabalho, que come a mulher do próximo, rouba o vizinho, fofoca a vida alheia. A grande diferença da “vida real” e da “vida fictícia” é que em uma não há a expectativa e a intromissão de milhões de pessoas. No fim das contas to...

Vai Safadão...Jesus

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Fonte: Site oficial do cantor O Fest Verão Aracaju e o Mais de Deus são dois eventos completamente opostos e que rivalizam no que se refere ao mundano e ao divino. Os eventos, que ocorrerão nos mesmos dias, em horários semelhantes, sempre foram realizados em locais próximos. Antes, quando o Pré-Caju ainda vivia, o Mais de Deus acontecia próximo à concentração do Pré-Caju . Agora, o Mais de Deus acontece a tão próximo do Fest Verão que enquanto os mundanos do Fest Verão gritam eufórica e excitadamente pelo Safadão os santinhos do Mais de Deus gritam por Jesus. _ Vai Safadão! Vai Safadão! _ Vai Jesus! Vai Jesus! _VAI S-A-F-A-D-Ã-O! _ Vai J-E-S-U-S! _S-A-F-A-D-ÃÃÃÃÃÃÃ-OOOOOO _J-E-S-UUUUUUUUUUUU-S E quem der o primeiro tapa ganha um latão de Schin ou uma benção, depende da mão que se meta na cara alheia, e quem sobreviver até o dia amanhecer ganha a guerra sem sentido em Igreja e Mundo. Há quem diga que a Igreja não quer provocar os frequentadore...

O menino no espelho

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As crianças são portadoras de histórias incríveis por habitarem em mundos igualmente incríveis. Em uma hora elas são detetives prestes a destruir as maiores organizações do mundo; noutra está de frente para os dinossauros, correndo na era pré-histórica em busca de alimente e abrigo. Falam e ouvem animais e possuem amores fulminantes. E quando resolvem contar as aventuras que vivenciam não há quem não se surpreenda. O infante Fernando viveu aventuras incríveis em que a diversão, o medo e o segredo fizeram parte do cotidiano. Invadiu uma casa, salvou uma galinha e caiu sobre a mesa do jantar com a amiga Mariana. Viveu sob pseudônimos para investigar histórias e se divertiu muito. Viveu uma infância que hoje já não é possível. Em O menino no espelho o leitor pode deliciar-se com as aventuras incríveis e maravilhosas da criança que outrora fora Fernando Sabino. O autor de Martine Seco e A Nudez da verdade mostra que brasileiro pode escrever mais que palavrão, que pode ser delica...

Port...cos

Viajar é muito bom e seguindo o conselho do Élder Dieter F. Uchtdorf, de aproveitar o percurso e não ansiar pelo fim do caminho como único objetivo, acabamos indo a rodoviárias, aeroportos e portos de cidades pequenas e grandes desse país gigante. Se você estiver 'mochilando' pelo nordeste vai encontrar a dificuldade de compreensão entre locutor e interlocutor desses lugares passageiros.  Em Maceió a rodoviária parece o purgatório e para onde quer que vá sempre haverá a feiúra  do concreto armado cru e o nada hospitaleiro atendimento das empresas prestadoras do serviço rodoviário. Em Aracaju a "rodoviária nova" não é nada nova e serve, em boa parte do tempo, como albergue para moradores de rua, sem levar em conta a arquitetura deficiente da edificação. À parte o monopólio da empresa do transporte coletivo rodoviário interestadual e coletivo dentro da capital, a rodoviária é outro ponto de descaso, ou melhor, que poderia ser melhorado pelo bom gosto e pelo "...

It

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Existe vida abaixo da linha de 1,35m. E as crianças sabem muito bem disso, além de possuírem uma imaginação suficientemente forte para transformá-las em prato principal de um monstro de muitas faces. Esse monstro, que se assemelha ao bicho-papão da Saga Harry Potter, veio de longe e sua existência transcende os limites físicos do homem. Em 1957 um menino é assassinado à luz do dia e inicia uma série de assassinatos que só são encerrados, assim como são iniciados, com uma grande tragédia. Vinte e sete anos antes outra série de assassinatos assim também como vinte e sete anos depois ocorrerão outros, com as mesmas características. Sete crianças escapam da Coisa em 1958 e ameaçam sua existência e somente uma promessa é capaz de reuni-los novamente e colocar um ponto final em uma centenária história de horror. It é um romance de horror, fé, superação, amor e amizade que marca o leitor profundamente. Há sexo, palavrão, a exposição do mundo infantil, violência contra a mulher e bul...

Um corpo sujo de batom

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Foto: Esquina de Palmeira dos Índios - AL. Rafael Rodrigo Marajá. O batom não queria ficar no lugar. O dia já havia raiado há uma hora e ela ainda não sabia se deveria ir ou ficar sentada, sob o sol da manhã, esperando que ele viesse buscá-la.  Ontem ele não vira. Viria hoje quando outras amantes tantas já haviam passado por sua cama, seus braços, sua vida? Não podia confiar. Decidiu-se rever seu cabelo no espelho do banheiro. Estava bom para o que tinha de fazer. Não iria conquistar a Grécia, e para isso qualquer coisa estava boa. Voltou. Sentou-se. Olhou o relógio. Meia hora de atraso e sua paciência já refizera os pensamentos da noite passada sem a bruma do fatalismo. Ela ia cair de cabeça ponte abaixo e nem olharia para trás se ele, mais uma vez, não viesse busca-la. Achava inaceitável ir trabalhar sem a carona dele. E essa seria a última vez que teria que pegar um ônibus lotado, com o calor escaldante de galinha caipira em panela de bronze e o suor dos velhos...

A UPA de Palmeira dos Índios

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Não é de hoje que as reclamações sobre as prestações de serviços públicos pairam no ar de Palmeira dos Índios , tornando-o pesado e irrespirável. E apesar de o poder público não dar a mínima para as reclamações do povo deve-se notar que há casos que a emergência na resolução do problema transforma-se em escândalo. Um desses interessantes casos é o do Hospital Regional Santa Rita, fechado há muito tempo. O povo passou a ser atendido na UPA 24h , onde há escabrosos relatos no atendimento médico. Dia desses ouvi, pelo doente que não foi atendido adequadamente na tal UPA, que a Assistente Social atende e medica os doentes para que o médico de plantão não tenha o estresse de atender os pacientes. Pela primeira vez na vida descobri que Assistente Social assume o lugar do médico e a ação é tida como normal para os servidores municipais da saúde. Um caso escandoloso que põe a vida da população de Palmeira dos Índios e região em risco e que assume a normalidade como motivo para justifica...

Número Zero

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O que aconteceria se o Amanhã saísse ontem? Como você reagiria se o Amanhã revelasse que o hoje é uma farsa? Em 1992 o Comendador reúne um grupo de jornalistas para editar o Amanhã, um jornal que nasce eivado de ilegalidade, cuja circulação é ameaçada pelos interesses do Comendador. As notícias tornam-se irrelevantes e possuem o objetivo de manipular a opinião pública na direção de supostos dossiês e escândalos. Os números zeros servem apenas a propósitos obscuros e mesmo sendo um jornal de, notadamente, uma imprensa marrom, alguns de seus jornalistas investigam demais sobre o próprio funcionamento do Amanhã como da história italiana. O suposto assassinato de Mussolini, em 1944, e o envolvimento do Vaticano e do Parlamento em uma farsa histórica, cujo pano de fundo é o exílio na América do Sul e os meandros da política italiana e vaticana, levam à morte para um dos jornalistas do Amanhã e a completa dissolução do jornal. Em Número Zero Umberto Eco expõe a farsa da imprensa e...