É preciso abortar nossos achismos!

Foto: Tartaruga Marinha. Imagem da internet. 
A vida é um bem inalienável e precisa ser cuidada em seus mínimos detalhes, porém não podemos fechar os olhos para minúcias de extrema importância para a própria sobrevivência e independência pessoal. Nesse ponto de vista tem-se casos de "crianças sem cérebro", por exemplo, que não podemos ignorar de nenhuma forma e cuja discussão ultrapassa a religião, a filosofia, o direito( embora esse justifique certas posições) e o sentimentalismo.
Quando se fala em "crianças sem cérebro" estamos falando de seres cuja existência, subsistência e independência estão intrinsecamente vinculadas ao processo básico em que uma consciência, devidamente desenvolvida e detentora de todas as formas de manifestação de vontade de um ser. E, para tanto, é preciso que a natureza conclua seu trabalho de geração de um novo ser sem nenhum impedimento físico e que corrobore com os conceitos e dogmas humanos, que norteiam a sociedade. Quando isso não acontece e é preciso tomar decisões que bloqueiam problemas futuros e inibem o constrangimento e a vegetação do ser  entramos em um paradoxo surreal capaz de levar ao extremo as crenças e a vontade individua e coletiva. 
Garantir que uma mãe tenha o direito de abortar, quando sofreu violência sexual ou o feto não se desenvolveu corretamente acarretando em uma criança, ainda em formação, é uma questão essencial para o Estado politicamente organizado, para a saúde emocional e psicológica dos pais e para o bom andamento de toda a sociedade mecanicamente organizada. Não se defende o precedente de aborto desnecessário e inconsequente, pois esse tipo de ato já ocorre desde nossa origem, mas a capacidade dos pais de decidirem, em uma situação crítica como a exposta, se querem ou não continuar com o processo geratório e um ser incapaz de assumir sua posição social, orgânica e cultural no mundo, ou seja, na vida. 
Ter o direito não pressupõe querer e sim poder fazer o aborto quando for necessário. E isso ultrapassa qualquer moralismo ou sentimentalismo dogmático uma vez que requer da genitora a maior parcela de culpa ou alívio em colocar nas ruas mais um indivíduo inerte e sem possibilidade de inserção na latência da vida.
É preciso que a sociedade deixe a religião de lado, somos um Estado laico, a filosofia e os achismo que povoam a maior parte de nossas atitudes e coloquemos a situação genérica de uma "criança sem cérebro" no campo da razão e da praticidade. Ninguém, por mais que lute pelo direito à vida, pode ignorar que um ser, nessa situação, jamais terá o seu direito à vida assegurado, mesmo que nasça, porque a vida não é apenas um corpo que respira, mas uma entidade espiritual que se manisfesta por meio de um corpo, que age sob sua consciência e vontade e sobrepuja a religião, a cultura, a sociedade, a política e a própria existência. Desse modo, não podemos subjugar nenhum corpo a uma prisão de tormenta apenas porque alguém acha isso e aquilo e sim admitir a fragilidade humana diante dos percalços da natureza.
Para viver é preciso força desde o nascimento, durante os primeiros passos e no muito além da consciência e isso, senhores, é algo que jamais poderemos forçar, mesmo com toda a tecnologia ainda por vir. 
Portanto, garantamos o direito do aborto para os milhares de pais e reorganizemos nossos achismos, diminuindo o impacto dos dogmas através da observação de nossas limitações.  

Comentários

  1. Ai, sou tão prática...xD Tipo, permitir ou proibir? Sinceramente, caso haja proibição, vão sempre existir mães com liminares que as protejam e as permitam de interromperem suas gestações nos casos de anencefalia. Vivemos em um Estado Laico, e garantir o direito de escolha a essas mães é só uma facilidade a mais para aquelas q tomarem essa decisão. Acho sim, q cabe aos genitores, de acordo cm sua visão religiosa e moral perante à sociedade decidir o que fazer com seus fetos. A confusão toda é pq é "aborto" e aí vem o pressuposto q quem seja a favor nesses casos, é a favor do aborto em geral. No final, quem gerou é sempre quem terá q arcar com essa decisão e com o que ela trará para si, no momento ou futuramente. Tô achando muita confusão, ou sou eu q sou prática DEMAIS? =x

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