Aula de Portugês
A boca fala sem preocupar-se com o entendimento dos ouvidos cansados do dia-a-dia laboriosamente exaurido. Emite tantos sons que a impaciência de pés à mostra ou fechadamente calçados irrita os olhos alheios e faz da inteligência sua escrava mais indigna. A cavidade oral não se importa com o que verbaliza tampouco com a irritação que provoca inconscientemente.
Os sons não cessam e a cabeça ainda se incomoda com os assuntos desinteressantes, mas não menos importante, que estupram os ouvidos e a mente de uns tantos que mantêm abrigados a estar diante da falante. Um conjunto formado po olhos cansados, mente contraída e ouvidos chateados evadem-se do recinto perturbador com a alegria do despejo de um pesado fardo. Outros não têm a mesma sorte!
Os lábios param sua irritante ejaculação sonora deixando feixes de olhos, ouvidos e mentes descansando na alta hora do fim do dia. Que mau descanso. Nem toda a inércia oral é capaz de tornar revoltosas ondas sonoras em marolas de acústica boa música! A mente esforça-se para passar o tempo que insiste em petrificar as retinas cansadas de sombras e imprudentes raios solares, trabalhos estafantes, preguiçam mal paga.
Vozes fazem calar a boca estridente e estranhamente irregional. Por pouco tempo. A antiga voz da conhecida e velha boca novamente dominam o ar, quase irrespirável, da sala onde tantas ondas rebentam no cais da porta. Maldita porta! Abre e fecha de forma tão barulhenta quanto a voz branca. Maldita também as mãos que forçam o trinco fazendo falar as ferragens da porta, que dizem ser nova. Não basta aquela boca?
O tempo está, agora, escorrendo rapidamente entre os dedos pretos, brancos, pardos, incolores.
Parece não acabar o que nem mesmo começou e o começo envelhece a quem ainda nem nasceu. O nada refrigera o calor do momento: o cansaço auricular continua. A boca não cala...!
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