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Mostrando postagens de dezembro, 2013

Sob o Céu de uma Cidade

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O melhor do nordeste aparece quando o povo assume sua identidade e faz de suas peculiaridades uma obra de arte. É assim que surge a literatura, mais expressiva em cordéis, o artesanato, as tão famosas estátuas de santos, a comida e as invencionices e crendices tão aconchegantes de vasto território nordestino. Juntando literatura, artesanato, crendices, pré-julgamentos e muito achismo, os cidadãos de Mandacaru do Norte desenvolve o cotidiano tão “nordeste”. Lá tem beatas que santificam que possui segredos escabrosos, julgam quem desafia os costumes, muitas vezes infundados, vivem esperando a salvação que pode não chegar; tem o poder da amizade e da politicagem; tem a nova modalidade de coronelismo; tem costumes, nordestinos-sulistas; tem alma e tem povo. Capa da Obra A Novela de Cássio Cavalcante, Sob o Céu de uma Cidade , é a tradução do interior de uma cidade, dos habitantes de todas estas, das criações e crias de diversas cidades sob um olhar realista o suficiente para to...

O sossego do fim

Em cada final de período sempre há o que analisar. Rever as perdas, os valores e as vitórias. Há a possibilidade de olhar pra trás para vir o caminho percorrido. É olhando para trás é que se percebe os erros e acalenta os acertos. Em cada final, também, aparece o sorriso meio triste que significa, simultaneamente, saudade e dever cumprido. Nesses finais, pessoas que foram ícones de significados subjetivos de música e poesia durante boa parte do tempo, já não mais existem. Livros foram lidos e agora são acervo. Músicas foram ouvidas e tornaram-se marcos. O final apenas abriu precedentes para o novo, a melhoria e o crescimento. Finais não precisam ser tristes, no entanto devem ter a pitada de saudade habitual acrescida de uma boa rodada de auto-aprovação.

Uma hora

Durante o verão, nos trópicos, existe uma possibilidade imensa que é desperdiçada todos os dias durante pouco mais dos três meses de veraneio da humanidade.  Essa possibilidade é o simples fato de ter a luz solar às quatro da manhã, todos os dias – com a rara exceção dos dias nublados e chuvosos. Aparentemente irrisório, acordar cedo durante o verão, e , diga-se, a primavera, brasileiro é uma conquista a mais quando esse fato é utilizado adequadamente, de modo produtivo, durante o tempo que ele dura. E não só acordar cedo. Fazer mais, trabalhar mais, fazer mais Hobby, divertir-se mais. É uma adição à vida e a uma gama de outras tantas possibilidades. Entretanto, quem acorda cedo? Quem levanta às quatro e observa o nascer do sol? Quem vive?

À Beira do lar

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Escrever, muitas vezes, é apenas expressar os eventos do cotidiano com a delicadeza de uma bela ironia ou com a graça de uma grande tristeza. Escrevendo, sob a luz de uma emoção, ou sob a graça de escrever, surgiu um dos mais prazerosos livros já escritos na nova literatura brasileira. De Luis Vassallo, À Beira do lar é uma obra que prende o leitor do começo ao fim – que se não tiver cuidado lê-lo de uma única vez, sem parar. Capa da Obra Vassallo coloca em suas páginas um lar, uns tantos sentimentos, uns momentos, pessoas, vidas, tempo, espaço e cotidiano de um modo inovador, capaz de tornar qualquer insônia em reflexão, divertimento, relembramento. Uma obra que passa do autor para o leitor como se aquele estivesse contando a história ali, pertinho, para este. À Beira do Lar , e não confunda lar com mar!, é um livro que não precisa de apresentação nem de palavras bonitas em sua capa, pois é por si só as palavras bonitinhas que o apresenta. Expressa eventos com as particular...

Poema feio

E se a frustração de um amor for apenas um aviso? E se a paisagem for o quadro na parede dos cem anos? E se solidão for o axioma da vida? E se vida for morte? E se a morte for o agora, presente? Se amar for odiar, do lado avesso? Se estar inteiro for quebrar-se em medos? Se deixar ir for ficar quebrantado? Se caminhar for retroceder para viver? Talvez, os se’s são demais  E demais é muito pouco Para quem pouco quer. 

Entrevista com Isvânia Marques

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Isvânia Marques. Foto: Gazeta Web A entrevista de hoje é com a Professora, Escritora e Presidente da Academia Palmeirense de Letras, Ciência e Artes (APALCA), Isvânia Marques. Nessa conversa sobre literatura, Graciliano Ramos, Incentivo à produção textual e à leitura, Marques desmistifica a APALCA, convida a todos a visitar e conhecer sua obra, os escritos dos mestres e fala sobre a oportunidade de escrever e refugiar-se nas folhas de uma prosa. Sobre si, sobre como se tornou representante dos acadêmicos em Palmeira dos Índios, essa é uma conversa muito interessante para os fãs da escritora, para os Palmeirenses e para aos amantes das letras.  Rafael Rodrigo: Qual seu primeiro contato com a literatura? Isvânia Marques: Ainda adolescente. Adorava poesias e contos puramente românticos. R.R.: O que a motivou, pela primeira vez, a escrever? Marques: A timidez. Ficava mais fácil de escrever no papel do que falar às pessoas sobre os meus sentimentos... Lembro...

Árvore de Panetone

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Árvore de Natal de Panetones De repente, em dezembro, em pleno calor do nordeste brasileiro, aparecem milhares de árvores de Natal – cada uma com um estilo e uma disposição física diferente. Dentre elas, a menos popular é a que se adequa ao nordeste, a que mais se parece com o nordestino e sua cultura. A mais popular é o pinheiro, árvore não nativa do Brasil, que só chega às casas dos nove estados através de uma imitação horrenda feita de polímero. À parte essa importação cultural polimérica, outro tipo de arranjo quase igualmente comum é aquela que é confeccionada com o intuito de ser destruída para fins lucrativos e que podem ser encontradas em estabelecimentos comerciais de todo o País, atendendo as necessidades de todas as classes sociais; é a árvore de Natal de Panetones. São enormes. Gigantescas até. E cumprem a mesma função: proporcionar ao pobre o desejo de ostentar, ainda que parcamente, a ideia de igualdade, e ao rico, a ideia de qualidade. São inúteis, sem graça e ...

Fácil Fácil

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Vista das terras de Alagoas O Fácil é apenas uma ilusória sensação de seguridade, de conquista. Para ser de verdade, não pode ser fácil. Precisa ser dificultoso (não muito). Ou, em outras palavras, em um nível menor de facilidade, pois dificuldade são só níveis baixos de facilidade. Mas nem tudo o que vem fácil precisa ser menosprezado. Apenas agradecido. Facilidade é tão importante quanto a dificuldade, é tão colaboradora para o desenvolvimento do caráter quanto os dogmas religiosos. Nesse aspecto, aproveitar a facilidade de uma praia, sempre gratuita, ou da informação, nem sempre boa, é só uma questão de escolha, de diferenciação. O Fácil é uma arma poderosa, depende apenas da dose diária.

Chegamos ao fim

Existe quem se apaixone pelo fim e dele faça parte, projetando todas as experiências e amores na expectativa de término, de ponto final. Pontos finais. Amores finais. Suspiro final. Há uma dramaticidade em acabar tudo, em chegar ao fim. Na morte – seja de um romance, seja de uma vida. É assim que se terminam os dias e começam livros, histórias e intimidades entre leitor e escritor, entre homem e mulher, entre vida e morte. A relação entre essas duas maneiras de estado, começo e fim, é o que determina as vitórias, a saudade e as noites insones. É assim que se chega na sexta-feira, com o fim de uma semana útil, com amores guardados na gaveta, livros abertos na estante, um drama latente para o próximo começo.

Arbítrio

O poder do arbítrio está relacionado com o sucesso e o fracasso, definindo o que se chama de futuro. É com o arbítrio que grandes nações são formadas, outras são destruídas. Por meio dele o homem pode alcançar o Paraíso, ou chegar ao Inferno. Pode tornar-se materialmente rico, ou não. Tudo isso depende das crenças e das escolhas de cada um. O Arbítrio é o símbolo virtual da fé, pois torna o homem senhor de seu próprio caminho; criador de seu próprio futuro; promovedor de suas conquistas. É por esse meio que se estabelece as mais variadas formas de manifestação de fé, que destrói o próprio homem quando este não percebe e respeita o livre poder de decisão do outro. Desse modo, formalmente simples e imenso, o homem possui a capacidade de escolher os caminhos que deve percorrer e, assim, o caminho de toda a humanidade. É assim que chegamos aos circos religiosos, passamos por duas grandes guerras, provocamos a riqueza de uns e a corrupção de outros. É assim que caminhamos para o futu...

Para ti, Graci(liano)...

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Graciliano Ramos pertence ao rol de autores-pilares da literatura brasileira. É de uma escrita ora seca, como as secas terras do interior alagoano, ora é de uma profundidade como a alma crente na esperança dos sertanejos. Ramos traduziu, sob a fumaça do seu cigarro, o homem e a mulher, lutadores e vencedores das adversidades diárias, o ambiente os animais. Capa da Obra Talvez, tudo o que se possa dizer sobre Graciliano, seja apenas mais palavras que podem ser enxugadas – como ele mesmo fazia. No entanto, Para ti, Graci(liano)... , da escritora Isvânia Marques , é o que há de diferente no mundo das homenagens póstumas a um grande escritor. Na obra, Marques declara sua paixão pelos escritos de Graciliano Ramos sob o olhar de sua vida e obra, tão rica e adversa como só um grande escritor pode ter. Um escritor falando de outro, com emoção e dedicação. Para ti, Graci(liano)... pode ser entendido como um manual para as novas gerações que ainda não conhecem o Graciliano escri...

Entrevista com Roberto Dalmo

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Roberto Dalmo A entrevista de hoje é com o educador, poeta e escritor Roberto Dalmo Varallo Lima de Oliveira. Nesta semana, a temática é a interdisciplinaridade entre educação e arte, no contexto social do indivíduo. Dalmo, carioca de Niterói, licenciado em Química pela Universidade Federal Fluminense e Mestrando em Educação em Ciências pelo CEFET - RJ, fala sobre sua experiência nesse contexto, sobre suas obras e evidencia a capacidade humana de inovar e fazer mais e melhor.  Rafael Rodrigo:  O que é educação, para você? Roberto Dalmo:  É preciso ter calma e cuidado nessa hora... Educação, para mim, é um processo amplo que visa à nossa transformação em seres humanos sociáveis, ou seja, capazes de interagir com outros seres humanos.  É bacana entender isso como um processo que não ocorre apenas na escola, mas a escola é um dos caminhos.   R.R.:  Como a arte e a educação se encaixam nas escolas públicas, onde as dificuldades no ...