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Mostrando postagens de agosto, 2015

Sonho

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Hoje eu sonhei Que você aparecia E sorria Dizia nada Só observava Como quem não quer nada Hoje eu vi você Encostada na parede Me segurando pelo braço Mas o sono passou Ceifou o riso Esfriou o abraço E na bruma da aurora Com fulminante rapidez Você foi embora E nós tínhamos tempo Amadurecimento Foto: Super lua. Agosto 2015. João Constantino.

A Saúde em Palmeira dos Índios

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O atendimento nas repartições públicas municipais nunca foi lá nenhum exemplo de eficiência de serviço. Em alguns períodos da história palmeiríndia esse fenômeno incompetente era explicado pelo atraso no pagamento do salário. Em outros, e esse é ainda mais comum, o atendimento pífio é explicado pelo descaso com as necessidades da população. De uma forma ou de outra, não há justificativa plausível. A Secretaria da Saúde é uma das campeãs em atendimento péssimo e desrespeitoso ao cidadão. E hoje foi um dia normal nessa repartição. Passando como quem não quer nada, presenciei a curiosa situação em que a funcionária da Secretaria, responsável por fazer/atualizar o Cartão do SUS preferiu conversar no WhatsApp, publicar besteiras no Facebook e o que mais podia fazer no Instagram, na frente de todo mundo e para quem quisesse ver, enquanto uma senhora esperava pelo atendimento (péssimo) da atendente. Certamente ela, como muitos outros servidores da Prefeitura, acredita que atender a p...

Palmeira açulada

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Palmeira dos Índios é uma cidade injusta com a própria história e com a produção intelectual que ocorre no município, desde sempre. Ler ainda é um problema (quem quer perder tempo lendo?, dizem alguns) e visitar museus (sim!, a cidade tem dois) é uma inatividade constante. Uma triste realidade na cidade onde andou gente como Jofre Soares e Graciliano Ramos ( e que já foi visitada pelo Ariano Suassuna e pelo rei do brega, o brega de verdade, Regionaldo Rossi). Mas não se desespere! Nem tudo está perdido, graças a todos os Deuses do mundo. Há ações que sustentam as esperanças. Uma dessas é a que trará o escritor Ricardo Ramos Filho para uma palestra de fomento à leitura e que também participará, junto com o imortal Carlito Lima,  da cerimônia de premiação do Prêmio Jovem Escritor. Se por um lado a população de Palmeira dos Índios é convidada a bater um papo sobre o mundo das letras com Ricardo; por outro, jovens serão incentivados a continuar escrevendo sobre outros mundos. No...

Sol a pino

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O inverno já disse adeus e chegaram as tardes de sol a pino . Agora é deixar para lá lençóis, casacos e bebidas quentes; empurrar para fora toda a umidade e as sombras que trouxeram o frio. O branco da cortina do amanhecer começa a dar espaço para a beleza do crepúsculo e só quem já passou pelo calor, pela poeira e pela procura de um pouco de sombra em um banco de praça vai saber apreciar o céu crepuscular no sertão, no agreste e, vez ou outra, no litoral. As tardes quentes começaram e é hora de começar a detectar as rotas das brisas durante a tarde e se sonhar não é regra, é, ao menos, um prazer que se apossa da gente durante aquela sesta depois do almoço. Tardes de sol, suor, sorvete, riso frouxo, pequenas fofocas brancas e grandes intrigas empoeiradas. A primavera dá seus sinais de verão (apesar do Jasmineiro só florescer bem mais tarde). E não tardará para que as murmurações comecem contra o sol, a distância entre os lugares e as pessoas. Vem aí, também, lembranças, visitas ...

"Um urubu pousou na minha sorte"

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Vivemos sob o domínio do ódio ao que é preto. Olham com estranheza para humanos, gatos, cachorros e aves da cor preta. Isso deve ser um reflexo do medo da morte e de uma suposta prestação de contas. Seja como for, são nossos atos ante a cor preta da pele, dos pelos e das penas que definirão a absolvição ou a condenação nesse suposto julgamento final. E pelo que tenho acompanhado, muita gente já tem um lugarzinho reservado no Colinho de Satanás. De tudo o que é preto o que mais é hostilizado e injustiçado é a ave carniceira, o nosso não tão querido urubu. Essa espécie faz o trabalho incrível e indispensável de sumir rapidamente com a carniça exposta sobre a face terrestre. E nessa função ela é extremamente eficiente. Já vi, no Cidade Alerta, um programa policial e sensacionalista de Alagoas, um urubu puxando "a tripa do cu" do cadáver, desovado há uns dias antes da reportagem. Caminhando pelas pedreiras em Palmeira dos Índios já vi os urubus dando cabo de lixo orgânico (jo...

Escolas sem folclore

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Quando estamos no ensino fundamental aprendemos sobre o curupira, o boitatá, a mula-sem-cabeça, o saci e uns tantos seres da mitologia brasileira com o intuito único de livrar as professoras do trabalho de mais um dia de aula. Acabamos sem saber sobre o Brasil por causa do restrito conhecimento docente (mas inclua aí a população toda) sobre os nossos seres mágicos. O dia do folclore acaba sendo um arremedo de feriado escolar mesclado com historinhas insólitas e sem consistência. Crescemos e no ensino médio a nossa cultura é ainda mais minimizada. Os estudantes acabam sem saber por que o boto nunca foi pego atraindo as virgens (e não-virgens) ou como e se a mula-sem-cabeça se reproduz. Na universidade os mestres e doutores não reconheceriam um ser folclórico nem que ele apresentasse um desenho explicativo. E assim o folclore vai indo de mal a pior, com os brasileiros desconhecendo as próprias mitologias. ...

Há o que comemorar

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Foto:  denisedumont.blogspot.com O onze de agosto é o tal dia dos estudantes e as comemorações, quando se fala em escolas públicas estaduais de Alagoas e Sergipe, (alguns) Institutos Federais e Universidades Federais, fica para depois - ou melhor, não fica de jeito nenhum. Os técnicos administrativos (que de técnicos não têm nada) e os professores da rede federal estão protelando, como de hábito, uma greve sem sentido que só tem prejudicado os discentes. Nas redes públicas estaduais AL e SE o tom é outro e a carga grevista ainda tem o que reivindicar.  E há de se comemorar alguma coisa no dia do estudante? Dependendo do ponto de vista, sim. Nos últimos anos o acesso à educação de qualidade (apesar do que prega os sindicatos "donos da verdade" de professores) fez-se mais sentido; as Universidades caminharam para a democratização e à acessibilidade e os estudantes tiveram mais oportunidades dentro e fora do país, queira ou não os coxinhas. Longo ainda é o caminho ...

Desdém Índio

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O  diferente só assusta quem teme perder a comodidade assim como os Deuses de todo o mundo assustam os católicos que temem outros seres com igual poder e onipresença. Outro dia estava andando pela destruída "Princesa do Sertão" quando dou de cara com as pequenas mudanças (para pior) que acontecem no diário palmeiríndio. Em uma esquina existe o MEI que trabalha de sol a sol e que os "ricos e bem-sucedidos" nativos não notam. Noutra negócios falidos seguem falidos esperando um milagre econômico que jamais desponta no horizonte. No meio da rua carros novos e semi-novos desfilam em frente a lojas de móveis que se proliferam como coelhos em um município onde não há fonte suficiente de renda para o povo, com exceção da minguada contribuição da governança municipal. Eu, na pouca sombra da calçada, penso com os meus botões que o melhor mesmo é não trabalhar, não f...

22 anos de Escola Técnica

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Em um dia como hoje ( 09 de agosto) de 1993 o primeiro aluno ultrapassava os portões da unidade da Etfal em Palmeira dos Índios, dando início às atividades acadêmicas, sociais e culturais. Treze anos depois eu caminhava pelos corredores do então CEFET-AL UNED PIN para fazer minha inscrição no processo seletivo para edificações. Devidamente maquiada e solícita, a Djenise foi quem deu a primeira impressão do que era aquele prédio. No ano seguinte, quando de fato fui aprovado para Eletrotécnica, o azul turquesa e o amarelo ouro passou a ser parte da pigmentação da minha cor (e de outros tantos) de pele. Como tantos antes e muitos depois, o CEFET-AL UNED PIN moldou muito mais que conhecimentos - fomentou ideias e oportunidades ousadas.  E até hoje os pequenos núcleos familiares das salas de aulas resistem (de formas divertidas). Há mais ou menos seis anos o azul e amarelo deram lugar ao vermelho e ao verde do que hoje chamamos de IFAL - Campus PIn. Novas cores, alunos velho...

Aflor

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Sempre calada Flor despedaçada No cais do tempo Fosse meu intento Sendo ou não rebento Sem país ou alento Terias meu amor atento Mas são pétalas ao vento Esse amor em desalento E nós, no sereno, Somos veneno. Foto (e mão) de Thayná Tenório