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Mostrando postagens de setembro, 2011

Cuidado com o invisível

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Entro sem pedir licença e pouco importa o quanto você está bem, meu bem! Se existo é porque não precisa ter respostas para nada, inclusive sobre mim, e porque estou na essência de cada ser vivente. De tudo que poderia dizer não entenderia: sou incompreensivo demais para sua insignificância. Aliás, o grupo inteiro do qual faço parte é de difícil demais para seres que pensam com o baixo ventre e pouco raciocinam. Pertencemos ao elementos que criaram esta noção de mundo e de vida. Não me chame! Não olhe para trás! Todas as vezes que o arrependimento faz com que olhe para o que deixou para trás ou quando relembra fatos e sentimentos invocas-me, chamas-me para o centro do teu ser de forma tão intensa que chega a ser insuportável estar dentro de um amontoado de horrores! Sim, você é um amontoado  de horrores: ódio em lugar de amor próprio! Esse é o pior deles. Estou presente quando cai e quando te jogam ao chão; quando tiram sua sanidade e quando roub...

À uma velha companheira

Venha! Sente aqui ao meu lado, de você não tenho medo. Seu cheiro não me enoja tampouco perfuma-me. Olha como sua obra está bela! Veja a realidade do deus-verme entre o ventre da sua escultura surreal. Por que não fala dela? Por que não a exponhe? Há problemas nessa arte um tanto incomum? Não. Você não aparece ao público apenas por vaidade, acha que seria humilhante ver face-a-face a realidade nua do cotidiano de seus fantoches. Pensa que não sabemos como é trabalhoso levar tantas abstrações para o além azul? Sabemos que pode ser difícil e logo agora quando tantos seres  resolvem partir para o longíquo  abismo do recomeço sem perguntar-te se é possível voce resolve chorar! Mesmo assim deveria sorrir quando chamo-te para festejar a ingratidão da vida, ao desconcerto de tantos erros e acertos de gente ignorante. Nós humanos conseguimos sorrir da desgraça, você não? Venha festejar! Acompanha-me nas músicas que gosto, nos doces que aprecio nas melhores horas do descanso...

A vida e a Sereia

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Foto: imagem da internet A vida é um rio de verdades e mentiras tão bem contadas que juntas formam um conjunto uno do qual atribuímos nossas conquistas e ressentimentos. É um rio de afluentes podres e desprezíveis habitado por todo elemento dúbil de um universo ora detestável ora dócil, mas que nos levam a um oceano de incertezas cuja única qualidade é a sua própria existência. Águas que me levaram durante uma vida a todos os caminhos decadentes possíveis, mas que sempre me fizeram sentir vivo. Naveguei por estradas de barro e lama em muitos carnavais procurando uma razão de viver e de exprimir em sua totalidade o meu ódio e o meu prazer de ter prazer em estar vivo, os vícios e as minhas desilusões preconceituando devaneios de uma juventude precoce e o ônus de uma velhice anunciada pelo tempo. Calejei esse espírito com amores odiáveis de tanto amáveis, que, entre orgasmos de realidade arremetiam-me em um crepúsculo de irreverência de uns tantos sexos desprazeirosos que acom...

Relação

Levanta!  Corre!  Atravessa a morte de mãos dada com o perigo.  Corre mais uma vez. Espera.  Sobe. E no silêncio comum aos desconhecidos aguarda hora de ser vomitado pela lombriga metálica! Como um verme degustador de carne podre, expeli-se para fora do hospedeiro em busca de outro meio de sobrevivência. Na caçada de mais formas fracas de vida encontra um outro esconderijo onde poderá se alojar e passar o tempo necessário até levar à morte o novo ambiente. E ninguém perceberá o desfalecer desse novo agradável lugar! E nas manhãs faz seu desjejum no estômago alheio. Durante as tardes, repousa no cérebro de outro. Nas noites frias, articula-se no tórax de outrem.  Levanta!  Espera o sono passar!  Não come!  Não Busca novos hospedeiros! Não vive!  Hóspede e hospedeiro são intrinsecamente dependentes. Um precisa ser consumido e outro de consumir, estabelecendo uma relação finita e proveitosa entre meio e obj...

Saga

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Correndo para acompanhar os passos da coisa destruiu todas as esperanças de alcançar o encantamento desejado!  E já foi o tempo do Lampião, da foice em punho pela defesa própria, da salvaguarda da honra. Agora falta tudo como antes para os pobres coitados sem chão e sem dignidade, com a pequena diferença de que não mais guerreiam contra as forças do além bem ou mal apenas esperam sentados pela inebriante ajuda alheia.  Não lutam mais por sua cultura nem fazem questão de conservar sua tradição secular! As estrelas nas noites de calor sentem a vergonha de presenciar uma saga outrora sofrida mas bela por sua coragem e ousadia que hoje transforma-se em noite rompida por bebedeira e dinheiro fácil!  Foi-se o tempo de cabras da peste! Os homens tornaram-se filhos do comodismo e parte das mulheres, filhas da traição. Porém, em sua maioria, continuam carregando sobre as costas os filhos do amanhã.  O diabo e as figuras assombradas não metem mais medo na...

Vento do nordeste

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As leis dos meus olhos são feitas por minha ambição, que faz gritar de horror qualquer sensibilidade. Traço meus planos de maneira a te convencer, e convenço!, de tudo o que quiser, pois não há nada que não queira que não tenha conseguido! Nesse jogo da vida sou o segredo que esconde os mistérios do mundo e mesmo que não acredite serei o melhor e o pior de mim refletido em você, em seus pensamentos e em seus atos. Não sou anjo para pregar a bondade, embora goste de recebê-la, tampouco sou um demônio para desejar apenas o mal. Entre Deus e o Diabo estou traçando minha rota, calma e tranquila, até meu objetivo final. Disputado pelo bem e pelo mal, recebo de cada um uma influência necessária para derrotar inimigos e desprezar falsos amigos. O melhor de te convencerá que não existe ninguém melhor que eu para estar contigo. O pior de mim tirará tudo o que você acredita deste mundo e se vingará de te se me fizeres mal, consciente ou inconscientemente. E sou inesquecível! Acredite...

Aula de Portugês

A boca fala sem preocupar-se com o entendimento dos ouvidos cansados do dia-a-dia laboriosamente exaurido. Emite tantos sons que a impaciência de pés à  mostra ou fechadamente calçados irrita os olhos alheios e  faz da inteligência sua escrava mais indigna. A cavidade oral não se importa com o que verbaliza tampouco com a irritação que provoca inconscientemente. Os sons não cessam e a cabeça ainda se incomoda com os assuntos desinteressantes, mas não menos importante,  que estupram os ouvidos e a mente de uns tantos que mantêm abrigados a estar diante da falante. Um conjunto formado po olhos cansados, mente contraída e ouvidos chateados evadem-se do recinto perturbador com a alegria do despejo de um pesado fardo. Outros não têm a mesma sorte! Os lábios param sua irritante ejaculação  sonora deixando feixes de olhos, ouvidos e mentes descansando na alta hora do fim do dia. Que mau descanso. Nem toda a inércia oral é capaz de tornar revoltosas ondas sonoras em marolas...