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Mostrando postagens de novembro, 2024

Esse negro capitão-do-mato

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Foto: Military Flail. Met.   O Negro foi estrategicamente dividido entre preto e pardo (de várias tonalidades) como forma de dividir um povo já enfraquecido pela fome, pela violência - física, moral, econômica e psicológica-, pela inacessibilidade à vida digna e pela total falta de tudo o  que poderia humanizá-lo. O negro, totalmente sem valor pela elite brasileira e pelo seu braço social - a classe média -, continua sendo o atendente do posto de combustíveis, a faxineira, o trabalhador da coleta de resíduos urbanos, o porteiro... para essa gente branca detentora do Estado, do poder econômico e de um prestígio social autocriado para autossatisfação, o negro continua sendo o escravo sem alma, sem opinião e sem vontades, que merece apenas comer o básico para ter força para os trabalhos pesados e para a procriação, como se animais não humanos fossem. Para minimizar a as críticas dos pares, criou o Dia da Consciência Negra. Veja que até nisso o racismo se mantém - a consciênc...

A visita da morte em Umbaúba

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A vida, sempre efêmera, não pode ser vivida com dignidade e, no curso natural dos eventos, não há morte com dignidade, por mais que tentemos nos enganar. Essa morta, insidiosa, está sempre pronta para levar os vivos em cada vão momento. Sorte de quem pode escolher como e quando morrer; quem não pode, por outro lado, acaba sendo vítima dos caprichos dessa dama invisível. Ontem mesmo, em Umbaúba, aquela cidade em que a Polícia Rodoviária Federal torturou e matou um brasileiro negro à luz do dia como prática de perpetuação do racismo e da divisão de classes, foi palco de um desses caprichos.  Vindo de direções opostas, na pressa de um sábado atribulado, duas motocicletas colidiram levando um condutor, cigano, a óbito. O outro condutor, tentando viver, foi assassinado pelos parentes do já extinto motocondutor como forma de retaliação. Ciganos, os assassinos, foi o que disseram e, pelo que corre nos grupos de aplicativos de mensagens instantâneas, é que esses ciganos já possuem certo do...

Trabalhador Brasileiro VII

 Nós, trabalhadores brasileiros, não queremos muito. Por vezes, inconscientemente, almejamos as migalhas do nosso superior hierárquico, mesmo que esse superior seja tão pobre quanto nós. Migalhas que nos torna mais gente - pessoas dignas, ao menos, de pena.  Aceitamos a degradação porque nos disseram que isso era obrigatório para ter um contrato assinado. E para fazer jus a tal degradação, seguimos sendo atropelados por ônibus urbanos em horário comercial. E, mesmo estirados no asfalto quente com a vida se esvaindo em galopantes momentos de perda de sangue, há sempre um chefe perguntando se dá para ir trabalhar por mais um dia.  Mal alimentados, mal vestidos, inseguros e abusados, nós ainda esperamos as migalhas que nos farão pensar que tudo vale a pena. Precisamos disso para suportar mais um dia, por mais um dia apenas. 

Salvos pelo tapa do pessimismo

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  Objeto: Auguste Barre, Medalist: Jules-Clément Chaplain. Met. Um pouco de realidade e pessimismo faz bem. Sempre faz. Muitos de nós, mesmo vivendo na ilusão de vídeos curtos das redes sociais, jamais teremos uma casa de luxo, nunca saberemos como é estar dentro de um carro de luxo e comer alimentos de alto padrão de qualidade.  Muitos de nós, invejando e desejando a arquitetura da casa de um famoso, o carro confortabilíssimo de um "influencer" e a rotina de um multimilionário, passaremos a vida comendo ultraprocessados feitos de químicos com sabor de tal alimento, com a textura de tal produto - sem jamais chegar a degustar o alimento verdadeiro.  Fingimos falar outro idioma quando na verdade sabemos uma ou duas palavras - o suficiente para fingir que compreendemos o que os personagens de séries e filmes medíocres estão falando. No máximo, viajaremos alguns quilômetros e não tocaremos a realidade do nosso próprio país porque a parca educação que recebemos é suf...