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Mostrando postagens de agosto, 2024

A sífilis católica

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 Não é de hoje que se conhece os efeitos do catolicismo na vida cotidiana do povo brasileiro. Por meio dessa poderosa arma de dominação empregada pelos colonizadores da imensa área terrestre que se conhece como Brasil, o povo foi obrigado a aceitar figuras ditas sacras como suas; o povo foi obrigado a comer ou a deixar de comer em função de dogmas e "festividades" católicas; o povo, que construía as edificações católicas, sequer podia - e, de certa forma, ainda acontece - entrar nos ambientes católicos.  Para o povo, criaram igrejas católicas distintas, sem muito requinte ou cuidado, apenas o suficiente para manter sob domínio um povo colonizado e expropriado de sua cultura, de sua terra, de sua identidade.  O sangue que banha as paredes dos templos e edifícios católicos criaram os pentecostais e os neopentecostais. E o povo seguiu sendo colonizado, acreditando na ficção de um único deus, seletivo, opressor e imaginário. Um deus que não se manifesta diante da mais absurda...

Carta a um ausente VIII

 Estamos em centros geodésicos diferentes, em fusos horários diferentes, em plásticas e descartáveis culturas. O calor de um lugar é a brisa fresca de outro e nada pode mudar o fato de que, em minúcias, a vida possui caminhos que de tão diferentes se tornam iguais.  "Estamos sós e nenhum de nós", como retrata aquela letra de música, sabe em quantos quilómetros haverá encontros e reencontros. Temos sido o que foi possível ser e nada parece ser o suficiente em uma sociedade em que nada basta, nada satisfaz, nada melhora o humor daqueles que estão decididos a não ter bom humor. É assim que se conclui que, sem exageros ou pausas dramáticas, jamais nos reencontraremos. Não somos mais os mesmos, nem mesmo nos poucos traços físicos que nos resta. Não teremos mais o minuto de silêncio olhando as ondas cessarem na areia, as inúteis ideias de possibilidades diante de uma meia parede, o clarão da agonia de estar e nunca ser o suficiente. Aqui onde o ar é insalubre e a água indisponível,...

Carta a um ausente VII

 Das liberdades que nos damos, que nos permitimos e que nos aprisionamos resta somente o estar liberto, jamais o ser liberto. É por isso que nos refugiamos em redes sociais digitais, esperando que olhares curiosos sejam o afago na solidão que nos devora. Agora temos exemplos decadentes, líderes mortos, ídolos cadentes. E não sabemos nada além do básico para sobreviver porque temos medo da imensidão da nossa finitude. No centro do continente, há fumaça, calor - um frio de vez em quando - e muita morte em forma de vida. Por aqui vejo pessoas que não sabem o quão condenadas estão e é bem provável que eu comece a me tornar podre por dentro, como eles, e, diferente do que tentei até agora, sadio apenas da mente. A comida aqui ainda não tem gosto - reluto a provar o que não pode ser provado devido a contaminações diversas. O ar, pela primeira vez em minha pouca existência, é tido como insalubre devido à sua total falta de qualidade. A vida parece ser só isto por aqui - uma sala de espera...