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Mostrando postagens de abril, 2024

Sob o olhar Dela

 Nuvens de chumbo cobrem a terra. Ventos em todas as direções.  Vozes silenciadas em respeito à imponência Dela. E lá está, entre nuvens acinzentadas, água em multiestado, ventos frios e ditosos.  Nenhum som se eleva. Nenhum filho se curva ao asfalto, ao abstratismo do capital alheio, ao querer dos que nada sabem o que querer.  Esperando a água indomável, os metais estão recolhidos em meio à atmosfera da lavagem celeste. Os guerreiros param de súbito.  Os viventes, devagar, caminham.  É dia de Exu passar em revista nas encruzilhadas do mundo. E entre tantas divisas, lá está Ela.  Eparrey!

Você é só pobre

Você é pobre! Um mero e descartável capacho do sistema produtivo capitalista que o coloca dentro de um conceito hermético de indivíduo, onde nem mesmo cabe a si.  E aí está você, rolando infinitamente a tela do seu smartphone , nunca o aparelho adequado, jamais localizado onde gostaria e em uma rotina capaz de suprir apenas as necessidades de uma Organização e de um fluxo produtivo pensado para satisfazer os desejos dos ricos, não sua mera expectativa de viver.  Aliás, pobre como você é, crê ainda que vivendo em uma região metropolitana, respirando o ar poluído continuamente expelido por automóveis, fábricas e cigarros, comendo fast-food e vestindo andrajos que simulam marcas reconhecidas na Fashion Week   chegará em algum lugar. Só não se tocou ainda que quando precisa de atendimento hospitalar precisa enfrentar longas filas, habitadas por outros tantos pobres que reconhecem que a caminhada pela selva de concreto e asfalto não leva a lugar algum, e quando precisa ser at...

Decolonialidade a serviço do colonizador

 Os países periféricos são periféricos por obra e domínio contínuo das suas antigas Metrópoles que mantém laços de poder cultural, político e econômico sobre os pobres dos países colonizados. Esses pobres, infelizes e condenados por nascença, sem direito a saneamento básico e sem renda suficiente para a promoção da qualidade de vida e da dignidade humana estão fadados a serem fantoches viciados em redes sociais. Isso não é novidade e os números de seguidores, que agora definem o sucesso profissional daqueles que se sentem amados e admirados pela irrealidade de uma rede de haters que os seguem, e do aumento de influenciadores digitais que se gabam de não conhecer nada além do alfabeto nativo e de pouco dominar a própria língua, são o retrato de uma paisagem complexa e que está além da compreensão desses pobres-diabos que mal acordam e se põem a rolar infinitamente uma tela de smartphone .  Agora, enquanto a educação continua sendo precarizada e a força de trabalho anestesiada ...