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Mostrando postagens de novembro, 2023

A misoginia - uma superfície

 A misoginia tem raízes cotidianas. Insinua-se em pequenos desentendimentos no trânsito, no trabalho doméstico e na formação educacional. Vai tomando forma com discussões acaloradas e sedimenta-se no comportamento geral de ambos os lados. Sempre esteve presente e continuará sob novas formas e novas roupagens até que se entenda que a questão do ódio sedimentado não é uma questão de gênero, mas da espécie. Questão de dominação, o homem busca seu domínio sobre homens, mulheres, crianças. O branco busca manter seu domínio sobre o preto, o branco, o amarelo, o cafuço e os demais. O hétero busca manter sua hegemonia sobre o gay, o bissexual, o transsexual, o travesti e as demais siglas. É sobre poder. Nunca foi sobre representatividade. Sob esse manto, há questões como a misoginia, que vê a superfície e jamais atinge a profundidade, seja por incompetência estrutural dos debatedores, seja pelo plano político que se desenrola no governo dos países a partir das comunidades. A utopia de um m...

Os diabos pobres

 Durante a semana, no horário comercial, esses pobres diabos são as ferramentas que movimenta a roda da economia e pouco importa seus desejos e aspirações. À noite, depois que o tempo deixa de ser contado mesquinhamente, torna-se público para novelas televisionadas mal escritas, telejornais e polêmicas fabricadas de famosos de vida perfeita.  Aos domingos, esses pobres diabos são a plateia de pastores e padres, que em cada esquina abre uma sucursal da verdade absoluta. De si, dos seus gostos, só umas horas, poucas, rareadas, entre a tarde do domingo e o começo da manhã da segunda-feira. Nada além disso. Nada lhes pertence. Nem mesmo sua vida ou o que, com os contados centavos, conseguem comprar em infindáveis parcelas. O exército de pobres diabos é exatamente isso: pobres e diabos sujos e esfarrapados, que quando não estão vestidos com um uniforme de mal gosto estão vestidos de terno mal cortado ou vestido à brega.